segunda-feira, 27 de agosto de 2012

CONHEÇA O CLUBE: Torino - O Touro enfraquecido

"O Grande Torino".  Time que dominou a Europa nos anos 40
O futebol italiano nem sempre resumiu-se a Milan, Inter e Juventus (os maiores campeões da velha bota): existia um clube que ajudou no crescimento do futebol no país, que já foi base da azzurra e que dominou a Europa nos anos 40.
Com sete conquistas no currículo, o Torino é um dos grandes campeões da Itália que luta por dias melhores e que hoje vive ofuscado pelas glórias do seu grande rival, a Juventus. 

O clube nasceu numa reunião num bar no centro de Turim (cidade localizada ao norte da Itália, a 730km da capital Roma) no dia 3 de dezembro de 1906, numa aliança entre a Internationale Torino (fundada em 1891) e o extinto FC Torinese (fundado em 1894). Aos membros dos dois clubes, uniram-se alguns dissidentes da Juventus (fundada em 1897) que discordavam da decisão da diretoria sobre tirar a sede do clube da cidade de Turim. Liderados por Vittorio Pozzo (que se tornaria, mais tarde, técnico bicampeão mundial em 1934-38 e campeão olímpico em 1936 com a seleção da Itália) e pelo suíço Alfredo Dick, nascia o Torino Football Club. 

O clube jogava no único estádio da cidade, o Velódromo Umberto I, onde Dick possuía um contrato de arrendamento. O time jogava com as cores do Torinese – camisa com listras em amarelo e preto e calções escuros, mas o clube logo mudaria suas cores para grená. 

Existem duas versões na história do clube que dão razões à mudança: uma delas é relacionada a um dos fundadores do Torino, Alfredo Dick, fã incondicional do Servette de Genebra. Ele teria resolvido mudar as cores do uniforme do Torino para grená para homenagear o time suíço. A outra versão é relacionada a razões mais nobres: a inspiração seria uma homenagem à Brigada Savóia, que ajudou a libertar a cidade de Turim dos franceses em 1706. No retorno da batalha, os soldados da realeza trajavam lenços na cor vermelha, simbolizando o sangue do inimigo. Por isso, o clube também seria conhecido como “Il Granata”, por suas novas cores oficiais. 

A primeira partida oficial do Torino aconteceria treze dias após a sua fundação, contra os ingleses do Blackburn Rovers, em Vercelli (a uns 80km de Turim). Vitória do time grená por 3x1. 

O Torino já nasceu forte: contava com jogadores do Torinese (que na época dominava o futebol italiano) e com alguns jogadores da Juventus. Já os membros da Vecchia Signora não aceitavam a perda de alguns dos seus para o novo clube – dando origem, assim, a uma das maiores rivalidades do futebol mundial (tanto que o confronto entre as duas equipes passou a ser conhecido como Derby della Mole, ou Derby da Massa). 

O primeiro confronto entre as duas rivais de Turim aconteceu aos 13 de janeiro de 1907, com vitória grená por 1x0. Na história desse derby (que já conta com 104 anos), foram disputadas 227 partidas, entre amistosos e em competições pela Itália, com 91 vitórias da Juve, 62 empates e 74 vitórias do Torino.
Os grenás de Turim disputaram seu primeiro torneio oficial no mesmo ano de 1907. E como estreantes fizeram bonito, chegando ao vice-campeonato (perderam para o Milan). 

Anos depois, na temporada de 1914/15, Vittorio Pozzo levaria a equipe numa excursão pela América do Sul, onde o Torino enfrentou grandes times argentinos e brasileiros (entre eles o Corinthians: em dois jogos contra os paulistas, venceram por 3x0 e 2x1). Foram disputados seis jogos contra os sul-americanos, todos vencidos pelo time de Turim. 

Outra participação satisfatória do Torino foi no principal campeonato da velha bota, no qual o time que brigava entre os melhores times do “calcio” pela conquista do título italiano. Desta vez, o algoz dos grenás foi o Genoa, que ficou com a taça. Numa Europa que vivia a eclosão da Primeira Guerra Mundial, o torneio foi suspenso. Em 1919, após o término dos conflitos da Grande Guerra, a Federação Italiana deu o título ao Genoa sem mesmo ter jogado a decisão contra o Torino. 

Mesmo não tendo tido sucesso nos anos anteriores, o Torino seguia entre os grandes do país, como Milan, Inter, Juventus, Pro Vecelli, Bologna e Genoa. O primeiro título veio na temporada de 1926/27. Entretanto, a conquista fora manchada por um escândalo: a Federação Italiana revogou o título dos grenás por causa das acusações da Juventus, que havia terminado o campeonato em segundo lugar. Segundo a Vecchia Signora, o clube grená teria subornado os adversários para prejudicá-los. Sendo assim, o Torino perdeu o título, que não foi repassado para a Juve por decisão da Federação. Naquela temporada, a Itália ficou sem um campeão. 

O escândalo não abalou o clube, que finalmente conquistaria o Campeonato Italiano na temporada seguinte. Mas foi uma conquista isolada na história do clube, que passaria boa parte da década seguinte sem títulos. 

Na temporada de 1935/36, o clube conquistaria a segunda edição da Copa Itália, o segundo maior torneio de clubes do país. O adversário foi o UC Alessandria, da cidade de mesmo nome. O Torino levou a taça com uma goleada de 5x1. No ano seguinte, o clube mudou o nome de Torino Football Club para Football Club ad Associazione Calcio Torino, por pressão do governo fascista de Benito Mussolini, que torcia para a Lazio. 

Em 1938, o clube chegaria à segunda final da Copa Itália contra a Juventus – desta vez o Torino sofre a derrota por 3x1, perdendo o título para seu maior rival de Turim. 

O Torino entraria na história do futebol europeu e mundial nos anos 40: “Il Toro”, como também é conhecido, montou um dos melhores times de sua história e um dos mais poderosos tecnicamente no futebol da velha bota. Num país onde os times eram caracterizados pelas fortes defesas, o Toro revolucionou o futebol italiano jogando com um ataque poderoso, marcando muitos gols. 

Nas primeiras temporadas da década, o Torino não conseguiu superar Inter, Bologna e Roma, que foram campeões em 1940, 1941 e 1942, respectivamente. Nas demais temporadas, prevaleceu o domínio do time grená. Depois de 15 anos do seu primeiro scudetto, o Toro venceu o campeonato da temporada de 1942/43 com uma vantagem de um ponto do vice-campeão Livorno e sete pontos de vantagem do terceiro colocado, a rival Juventus. 

Na mesma temporada, o Toro conquistou pela segunda vez a Copa da Itália, com uma sequência de 5 vitórias em 5 jogos. Enfrentou Anconitana (7x0), Atalanta (2x0), Milan (5x0), Roma (2x0) e Venezia (4x0), sendo coroado como o maior campeão da Itália. O Torino bateu o recorde com os expressivos 20 gols marcados e nenhum gol sofrido, marca jamais vista neste curto torneio. Pela primeira vez na história do futebol italiano desde a criação da Copa Itália, um clube conquistaria, na mesma temporada, os dois principais campeonatos do país. 

Nos anos de 1944 e 1945, o campeonato (que se profissionalizou em 1929) teve uma nova paralisação por decorrência dos combates da Segunda Guerra Mundial. A Itália fora invadida pelos Aliados (liderados por Inglaterra, EUA e URSS), já que país estava no foco mundial por fazer parte das Potencias do Eixo (ou o Terceiro Reich, lideradas pela Itália de Mussolini, a Alemanha de Hitler e o Japão). Para manter as disputas e também fugir dos bombardeios aéreos, os clubes decidiram jogar somente em torneios regionais. Mesmo com a iniciativa de dividir as disputas entre times de cidades próximas, a Federação Italiana não oficializou as disputas. Então, em dois anos (temporadas de 1943/44 e 1944/45), não houve um campeão italiano.

Numa dessas disputas regionais, o Torino foi campeão do torneio da Guerra na Região do Piemonte, com sete pontos de vantagem da Juventus, o segundo colocado.

Após o fim da Guerra, em 1945, o Torino voltou no auge da sua qualidade técnica, rendendp-lhe o apelido de “Il Grande Torino” . Comandados pelo capitão do time, o meia-atacante Valentino Mazzola, contavam com o ótimo goleiro Valério Bacigalupo, o defensor Aldo Ballarin, os meias Ezio Loik e Mário Rigamonti, os atacantes Romeo Menti, Piero Operto, Guglielmo Gabetto e do artilheiro Eusébio Castigliano. O clube venceu seu terceiro campeonato, superando novamente seu maior rival. 

O domínio do Toro na velha bota era tão avassalador que 17 jogadores do time formavam a base da seleção italiana que buscaria o tricampeonato mundial (já havia vencido em 1934 e 1938) na Copa de 1950, no Brasil. Para se ter uma ideia desse domínio, a Azzurra disputou uma partida contra a Hungria de Ferénc Puskás em maio de 1947 (vitória italiana por 3x2). Dos 11 jogadores que entraram em campo, somente o goleiro não era atleta do Torino. Graças ao time grená, os italianos eram os fortíssimos candidatos ao título mundial na América do Sul.

Em 1947, o Toro chegaria à sua melhor temporada da história. Não foi apenas o melhor e o mais forte time do campeonato, conquistando o quarto scudetto seguido, ainda atingiu o maior número de gols marcados numa temporada: 125 (média de 3 gols por jogo), aplicando goleadas expressivas contra o Alexandria (10x0 em Turim) e Roma (7x0 na capital italiana). O clube grená também atingiu a marca de 65 pontos em 40 jogos (a maior pontuação da história do campeonato na época, tendo em vista que cada vitória valia 2 pontos) e ainda obteve a maior vantagem da história em relação ao segundo colocado (16 pontos de diferença da vice-campeã Juventus). 

Numa Itália destruída pela guerra e em processo de reconstrução, os triunfos do Torino e da seleção italiana, aliados a um futebol apaixonante, de muita qualidade, ajudavam a população a esquecer um pouco dos horrores pelos quais passavam por seis anos. 

O Grande Torino voltou à América do Sul em 1948 e no Brasil enfrentou o Corinthians novamente, depois de 34 anos. Jogando num Pacaembu completamente lotado, o Timão venceu o time de Mazzola, Baciagalupo, Rigamonti, Gabetto e Castigliano por 2x1 (gols de Baltazar e Colombo. Gabetto marcou para os italianos). Além do Corinthians, o Toro também enfrentou Palmeiras, São Paulo e Portuguesa no Pacaembu. Foram dois empates (1x1 com Palmeiras e 2x2 com o São Paulo) uma vitória (4x1) contra o time do Canindé.
Em 1949, o Torino estava prestes a conquistar mais um campeonato italiano, o quinto consecutivo (tinha uma vantagem de 4 pontos da Inter de Milão) e, faltando 4 partidas (sendo 3 delas em Turim) para o encerramento, o time faria um amistoso contra o Benfica, em Lisboa. 

Esse amistoso fazia parte das homenagens para o capitão lusitano João Ferreira, que estava deixando o futebol e também era amigo de Valentino Mazzola – por isso o convite à Torino. Em campo, os grenás foram derrotados por 4x3. No retorno à Itália, o avião da delegação enfrentava chuva e um forte nevoeiro na chegada a Turim quando, de repente, o Fiat G212 chocou-se contra uma das torres da Basílica localizada no topo do Morro de Superga, com 600 metros de altura e coberta pela névoa. 

Era o primeiro desastre aéreo envolvendo uma equipe de futebol – e também a mais notável equipe do mundo. Ficou conhecido como “A Tragédia de Superga”.
O time que encantou o mundo e que mudou o estilo de jogar futebol na Itália foi tragicamente derrotado no dia 04 de maio de 1949, às 17:05. Todos os 31 ocupantes da aeronave – 18 jogadores, 6 membros da delegação, 3 jornalistas e 4 membros da tripulação – morreram na hora. Dos 18 atletas mortos, 10 faziam parte da seleção italiana que iria ao Brasil disputar o Mundial de 1950. 

O acidente chocou o país inteiro e coube ao técnico da Azzurra e ex-dirigente do Toro, Vittorio Pozzo a dura missão de reconhecer os corpos dos atletas mortos. No mesmo dia do acidente, a Ferderação Italiana declarou o Torino o campeão daquela temporada, mas os dirigentes do Toro não aceitaram tal proposta: queriam conquistar o título no campo, como deveria ser. Em homenagem aos 18 atletas mortos no Morro de Superga, o Torino decidiu cumprir os 4 jogos que lhe restavam para conquistar o quinto scudetto seguido. 

O destino salvou alguns jogadores daquele “Grande Torino” que encantou e também dominou a Europa e o mundo nos anos 40. Contratempos que impediram a ida destes atletas a Portugal, como, por exemplo, o defensor Sauro Tomá, que estava com uma lesão no joelho. O meia Luigi Giuliano também se salvou porque não conseguiu obter o passaporte a tempo de viajar com a equipe. O craque hungaro László Kubala, que tinha um pré-contrato com o Pro Pátria e não podia atuar profissionalmente porque estava suspenso pela FIFA, acusado de deserção pelo governo húngaro, foi convidado pelo Torino a participar da despedida de Ferreira. Kubala não pode viajar com o time porque sua família tinha chegado à Itália e seu filho estava com problemas de saúde.
O funeral foi realizado dois dias após a tragédia que assolou o mundo do futebol. Cerca de 500 mil pessoas de todos os cantos do país compareceram ao velório dos jogadores. Toda a cidade de Turim estava de luto por uma só equipe. Foi uma comoção nacional. Representantes da Federação Italiana e de todos os clubes da velha bota estiveram nas homenagens. 

Pelo mundo, alguns clubes também prestaram suas homenagens ao “Grande Torino”. A FIFA decretou oficialmente, 1 minuto de silêncio nos jogos oficiais. No Brasil, o Corinthians (que tinha boas relações com o Toro) entrou em campo pelo Campeonato Paulista, na vitória de 2x0 contra a Portuguesa no Pacaembu, vestindo camisas grenás com o scudetto (um escudo com as cores da bandeira italiana) bordado no lado esquerdo do peito (que simboliza o atual campeão da Itália). Na Argentina, o River Plate realizou diversos amistosos para homenagear e arrecadar fundos para os familiares das vítimas. 

Nove dias após ao funeral dos jogadores daquele histórico time, o Torino voltou a campo com o time juvenil para cumprir os quatro jogos que faltavam para se declarar campeão e honrar os jogadores que levaram o clube a essa posição. Os quatro rivais, demonstrando profundo respeito ao Toro, entraram em campo também com equipes juvenis. No primeiro confronto, o Torino venceu o Genoa por 4x0, depois foi Palermo (4x0), Sampdoria (3x2) e por fim Fiorentina (2x0), conquistando o sexto título da história, quinto seguido – a mais amarga e dolorosa conquista de todas que o Torino venceu em seus 42 anos de vida.
Após o jogo contra a Fiorentina, em Turim, cerca de 30 mil pessoas marcharam em direção ao Morro de Superga em tributo as vítimas. Anos depois, foi erguido um memorial homenageando os 31 mortos. 

O futebol italiano ficou tão chocado com a Tragédia de Superga que a seleção viajou ao Brasil de navio. Além disso, o time ofensivo que conquistou o mundo deu lugar a um time desfigurado. Com isso, a Azzurra foi eliminada na primeira fase da Copa do Mundo de 1950. 

O “Grande Torino” dos anos 40, que conquistou 5 títulos italianos e uma Copa da Itália, marcou 408 gols, sendo 97 do craque Valentino Mazzola (que também é o maior artilheiro da história do clube com 118 gols, recorde mantido até hoje), com seu característico futebol ofensivo, ficou pra trás – dando lugar ao velho estilo italiano, focado na defesa. 

O clube sentiu o forte baque depois de perder o maior time de sua história e não teve mais força para disputar de igual para igual contra seus maiores concorrentes. Ciente da situação do clube, a Federação Italiana decidiu que mesmo com uma colocação desfavorável o Torino não seria rebaixado nos 4 anos seguintes. Mesmo com essa “ajuda”, o time atormentado e despedaçado pelo destino terminou os campeonatos seguintes em posições intermediárias. Até que na temporada 1958/59, o Toro terminou em 17ª posição, com 23 pontos, sendo rebaixado para a segunda divisão pela primeira vez. 

O Torino voltaria ao cenário nacional nos anos 60 com um novo craque. Luigi “Gigi” Meroni chegou a Turim em 1965, contratado junto ao Genoa. Gigi era um meia atacante leve, rápido, driblador e tinha muita facilidade em passar com a bola entre as pernas de seus adversários. Seu estilo e habilidade e, principalmente, seu porte físico, levaram muitos a compará-lo com a lenda norte-irlandesa George Best. Meroni foi o responsável por colocar o Torino de volta entre os melhores da Itália. 

Na temporada 1964/65, o Torino conseguiu sua melhor posição no campeonato italiano depois de Superga, terminando o campeonato em terceiro, com 44 pontos – atrás de Milan e da campeã Inter. No mesmo ano, o Toro chegaria às semifinais da hoje extinta Taça dos Campeões das Taças da UEFA, na qual foi eliminado pelo Munique 1860 da Alemanha com uma vitória por 2x0 em Turim e uma derrota por 3x1 em Munique, somando o placar agregado de 3x3. No jogo de desempate, em Zurique, o Torino foi derrotado por 2x0, classificando os alemães para a grande final contra o West Ham de Geoff Hurst e Bobby Moore, em Wembley. 

Em 1966, Meroni foi convocado pela seleção italiana para jogar a Copa do Mundo, disputada na Inglaterra. Mas a Azzurra foi eliminada na primeira fase do Mundial com uma vitória (2x0 no Chile) e duas derrotas (1x0 para Coreia do Norte e 1x0 para a antiga URSS). O craque do Toro não atuou em nenhuma partida. Ele seria escalado contra a Coreia do Norte, mas gerou polêmica quando foi barrado pelo técnico Edmondo Fabbri porque recusou-se a cortar seu cabelo, que estava comprido. 

De volta ao Toro, Gigi estava à frente do time que lutava para conquistar novamente um scudetto, o que não vencia desde 1949. Mas uma nova tragédia estaria no caminho dos grenás. Em 15 de outubro de 1967, após uma vitória sobre a Sampdoria em Turim, Meroni voltava para casa quando foi surpreendido por um torcedor fanático que o atropelou, matando-o na hora. A morte de Gigi Meroni, aos 24 anos (que jogou em 103 partidas com a camisa grená, marcando 22 gols), abalou de vez o Torino, que sofria a segunda tragédia de sua história. O baque refletiu dentro de campo: o time que disputava o título terminou o campeonato na sexta colocação, atrás de Bologna, Inter, Fiorentina, Juventus, Napoli e do campeão Milan. No mesmo ano, o time grená dedicou as poucas forças que restaram após a morte de Meroni à conquista da Copa Itália pela terceira vez, derrotando Milan, Inter e Bologna no quadrangular final. 

Nos anos 70, “Il Granata” mudaria o nome pela segunda vez: de Football Club ad Associazione Calcio Torino, para Torino Calcio. com a mudança do nome, chegaram novas conquistas. Na temporada 1970/71, os grenás venceriam pela quarta vez a Copa da Itália ao derrotar o Milan nos penaltis por 5x3, depois de empatar no tempo normal e na prorrogação por 0x0. 

Nos anos seguintes, o clube não conseguiu brigar pelas primeiras colocações, terminando sempre em posições intermediárias. 

Em 1976, o Torino venceria seu sétimo scudetto, título que não conquistava há 27 anos, desde o trágico ano de 1949. Entre os destaques daquele ano estavam o meia Giorgio Ferrini, os atacantes Francesco Graziani e Paolo Pulici – que foi o artilheiro do campeonato com 21 gols. 

Após a imensa alegria com a conquista, uma nova tristeza. O “Capitan” Giorgio Ferrini morreu, aos 37 anos, no dia 8 de novembro vítima de um aneurisma cerebral. Ferrini jogou de 1959 a 1976, atuando em 16 campeonatos seguidos com a camisa grená, num total de 566 jogos, com 53 gols marcados, vencendo 2 Copa da Itália (em 1968 e 1971) e um Campeonato Italiano (em 1976). 

Nos anos 80, o Toro passou a contar com jogadores brasileiros em seu elenco. Em 1984, contratou Júnior junto ao Flamengo e em 1987 foi a vez de Müller, que chegou contratado do São Paulo. Nenhum dos dois conquistou títulos, permanecendo poucas temporadas no clube. 

Em 1989, o Torino não fez uma temporada boa e foi rebaixado novamente para a série B, voltando na temporada seguinte, para a divisão principal como campeão. 

Dos brazucas que vestiram a camisa grená, o que mais se destacou foi Walter Casagrande Jr.

Contratado do Ascoli em 1991, Casão formou o ataque junto a nomes de peso como os italianos Gianluigi Lentini e Giorgio Bresciani, o belga Vincenzo Scifo e o espanhol Rafael Martin Vasquez. Com esse time, o Torino terminou o campeonato italiano em terceiro e chegou às finais da Copa da UEFA e da Copa da Itália. 

Em 1991, o Torino conquistou a Copa Mitropa (um torneio disputado entre os clubes da Europa Central) ao vencer o também italiano Pisa, no Estádio Delle Alpi em Turim, por 2x1. Foi a penúltima edição do torneio, extinto em 1992.
No mesmo ano, o Toro se destacou em outra competição internacional, desta vez pela Copa da UEFA (hoje UEFA Europa League). Eliminou o Knattspyrnufélag Reykjavíkur (KR) da Islândia, o Boavista de Portugal, o AEK da Grécia, o Boldklubben 1903 (hoje F.C.Kopenhagen) da Dinamarca e o Real Madrid da Espanha na semifinal. Na finalíssima contra o Ajax da Holanda, dois empates (2x2 em Turim e 0x0 em Amsterdã) consagraram os holandeses campeões pelo gol qualificado, ou seja, pelos dois gols marcados fora de casa. Vice-campeão, o Toro teve o terceiro artilheiro do torneio, Casagrande, com 6 gols marcados – entre eles um gol contra o Real Madrid e dois contra o Ajax na final. 

Em 1993 o Torino conquistaria a Copa Itália pela quinta vez. Superando Monza, Bari e Lazio e Juventus, o time enfrentaria a Roma na final. Uma vitória de 3x0 em Turim e uma derrota por 5x2 na capital italiana deram ao Toro a sua última grande conquista. 

Sem títulos e com graves problemas financeiros, o Torino passou a vender seus grandes jogadores. Um dos seus atletas mais promissores, Lentini, foi para o Milan. Outros atletas foram deixando o clube e foram chegando nomes como o craque ganês Abedi Pelé, o uruguaio Enzo Francescoli e o turco Hakan Sukur. Mesmo com nomes de peso, o time em campo foi um tremendo fracasso. 

A série de altos e baixos do clube resultou em outros rebaixamentos, como a queda para a segunda divisão em 1996, permanecendo lá por três temporadas. O clube retornaria à série A em 1999, voltando para a série B no ano seguinte. 

Dentre acessos e rebaixamentos, o Torino teve mais três, entrando num momento crítico do clube, que passava por muitas dificuldades para manter seus compromissos econômicos. 

Em 2005, o Toro foi promovido para o retorno à série A, mas o clube não tinha as garantias financeiras exigidas pela federação e sua promoção não foi permitida. Sem dinheiro, o Torino entrou na pior fase de sua história depois de Superga. O clube decretou falência em 2006. Comprado pelo empresário italiano Urbano Cairo, o clube tornou-se uma empresa. O Toro grená mudou de nome pela quarta vez, rebatizado como Torino Football Club S.p.A., voltando às origens. 

No dia 3 de dezembro de 2006, dia em que o Torino completava 100 anos de vida, e o primeiro ano de Urbano Cairo no comando do clube e jogando na série A, após algumas comemorações fora de campo, dentro dele o time fez seu papel vencendo o Empoli por 1x0, gol do lateral Gianluca Comotto. A festa deveria se estender por 1 ano, mas durou algumas horas. O desempenho do time no campeonato não foi dos mais satisfatórios, terminando duas posições acima da zona de rebaixamento. A festa não foi como os fãs do Toro esperavam, mas foi completa pelo fato de ver o maior rival na série B e manchado por escândalos de manipulação de resultados. 

Mesmo com a rivalidade histórica, Torino e Juventus sempre compartilhavam os estádios. Começou com a divisão do Velódromo Umberto I, depois o Estádio Delle Alpi e por fim o Estádio Olímpico de Turim (antes Estádio Comunale di Turim até 2006). Como a Juve construiu a Arena Juventus no lugar do antigo Delle Alpi, o Torino é o único clube que utiliza o Estádio Olímpico atualmente.
Lutando com poucas forças e com um baixo orçamento, o Torino não resistiu ao poderio de seus adversários. Em 2009, o time sofreu um novo rebaixamento, terminando a temporada em 18ª colocação, com 3 pontos acima de Reggina e Lecce. 

De acordo com pesquisa do Instituto Nielsen feita em 2008, o Torino possui a nona maior torcida da Itália, com um total de 1.153.000 milhões de torcedores.
O Torino é recordista de títulos nas categorias de base. No campeonato italiano de Juniores (conhecido como Primavera) são 8 conquistas. Na Copa da Itália da mesma categoria, outro recorde: são 7 conquistas. 

O Toro detém, ainda, a marca de maior número de vitórias em uma temporada (30 em 1945/1946). 

Na série B desde 2009, os fanáticos torcedores do Torino amargam há 2 anos a ausência do clube na principal divisão da Itália – e principalmente das taças. Na atual temporada (2011/2012), o Toro lidera o campeonato com 33 pontos (cinco a mais que o vice-líder Pescara), posição animadora para o clube, já que na temporada passada ficou em oitavo lugar – muito longe para as pretensões de um dos maiores clubes da Itália. 

Em março deste ano, Torino e Juventus deixaram de lado a rivalidade histórica de 104 anos e proporcionaram aos seus torcedores um encontro memorável no Estádio Olímpico de Turim, reunindo craques históricos para um amistoso beneficente. O Torino teve em campo ídolos como Júnior, Lentini e Pulici; a Juve teve Zidane, Nedved, Davids, Gentile e Ravanelli. Com a bola rolando, a partida – que reverteu 230 mil euros (cerca de R$ 550 mil) para a Fundação Vialli e Mauro – não teve vencedor. Com um destaque para genialidade de Zidane e a vitalidade de Júnior, a partida terminou empatada por 2x2 (Júnior e Lentini marcaram para o Toro e Nedved e Porrini marcaram pala Juve), mas o encontro foi histórico e matou a saudade dos fãs. 

Saudade é o sentimento maior dos torcedores do Toro grená de Turim. Desde sua fundação, o clube está acostumado a fortes disputas e grandes conquistas. Teve no passado um dos times mais poderosos do mundo e o teve arrancado pelo destino, ferindo eternamente o coração de uma torcida apaixonada. Eles nunca abandonaram o Torino, e hoje o Torino luta por eles, para que os milhões de fãs do Toro possam finalmente voltar a sorrir. 

Nome Completo: Torino Football Club S.p.A
Fundado em: 3 de dezembro de 1906
Federação: Federação Italiana de Futebol (FIGC)
Cidade: Turim-ITA
Estádio: Estádio Olímpico de Turim, capacidade para 27.500 mil pessoas
Site Oficial: www.torinofc.it
Títulos: 7 campeonatos italianos (1927/1928, 1942/1943, 1945/1946, 1946/1947, 1947/1948, 1948/1949 e 1975/1976), 5 Copas Itália (1935/1936, 1942/1943, 1967/1968, 1970/1971 e 1992/1993), e 1 Copa Mitropa (1991) 

CONHEÇA O JOGADOR: Souleymane Coulibaly – O novo Drogba

Sully, como é conhecido, foi um dos artilheiros do último Mundial sub-17
O futebol da Costa do Marfim se orgulha por formar grandes jogadores e por haver se tornado uma das forças do futebol africano nos últimos anos. Mesmo com os insucessos nos mundiais de 2006 e 2010 – nos quais foram eliminados na primeira fase, os torcedores dos “Elefantes” não têm do quê reclamar quando o assunto é atacantes de qualidade. E melhor ainda: goleadores, como os atacantes Didier Drogba do Chelsea e Seydou Doumbia do CSKA (artilheiro da Champions League 2011/12, até o momento com 4 gols), por exemplo. 

Aos 33 anos, Drogba já declara que pretende deixar a seleção em breve. E, para não sentir o peso de uma futura ausência de seu principal artilheiro, surge no país um possível substituto do camisa 11, um jovem com um nome complicado e um futebol de encher os olhos: Souleymane Coulibaly. 

Ainda muito novo, o jovem enfrentou, além da pobreza, as consequências de uma Guerra Civil que assolou o país por cinco anos. Começou a se destacar nos campinhos de futebol na aldeia de Gounioubé, a 20 Km da cidade onde nasceu, Abyián. Aos 14 anos, “Soly” chamava a atenção pelo seu faro de gol e sua inteligência na hora de decidir as jogadas – qualidades que fizeram com que o garoto deixasse o país dos elefantes em 2009 para jogar no Siena da Itália. Pelo time juvenil, Coulibaly marcou 13 gols em 17 partidas, surpreendendo a todos com o seu talento. Tais números credenciaram o jovem a disputar alguns jogos no time júnior conhecido na velha bota como “Primavera”. 

Em 2011 o atacante do Siena teve uma grande oportunidade de mostrar sua qualidade no Mundial da FIFA da categoria Sub-17. Aos 16 anos, Coulibaly chegou ao México como um desconhecido (nem tinha participado do Torneio Africano Sub-17, que classificou os africanos para o mundial). A esperança de gols dos marfinenses estavam nos pés dos jogadores Guy Bedi, Drissa Diarrassouba e Lionel Lago, que estavam em alta. Souleymane nem titular do time era. Felizmente, ele surpreendeu a todos e de forma impressionante.
Logo na estreia do time na competição (contra a Austrália em Guadalajara), Coulibaly começou a partida como titular ao lado de Diarrassouba e Lago. Marcou primeiro gol do jogo e o seu primeiro na competição mas não evitou a derrota de 2x1, de virada, para os “Socceroos”. 

Na segunda partida, contra a Dinamarca, os escandinavos até saíram na frente com Kenneth Zohore, mas Coulibaly resolveu a favor dos marfinenses com 4 gols, virando o jogo em 4x2. Contra a seleção brasileira, mais um show: foram 3 gols, sendo um de bicicleta. No final, o time acabou cedendo o empate em 3x3 com a seleção canarinho. O resultado classificou a Costa do Marfim para a fase seguinte em segundo no Grupo F, atrás da seleção brasileira. 

Nas oitavas-de-final os marfinenses encontraram a França em Querétaro. Coulibaly e Diarrassouba marcaram os gols da Costa do Marfim, abrindo 2x0 no placar, mas os elefantes não resistiram à força francesa e levaram a virada. Derrotados por 3x2, os africanos deram adeus ao torneio. 

Mesmo fora do Mundial, Souleymane Coulibaly foi o nome da competição. Dos 10 gols marcados pela Costa do Marfim, 9 foram dele (igualando a marca obtida pelo francês Florent Sinama-Pongolle, que também marcou 9 gols no Mundial de 2001, disputado em Trinidad e Tobago – batendo o recorde numa competição Sub-17), se tornando o artilheiro do torneio e levando o troféu Chuteira de Ouro. Com a marca obtida no México, Suly garantiu a África como o continente com mais goleadores em mundiais da categoria – 6 contra 5 da Europa. 

As marcas impressionantes de um fenômeno fizeram com que Coulibaly recebesse o apelido de “o novo Drogba” – tanto pelo porte físico quanto pelo faro de gol apuradíssimo, iguais aos do craque do Chelsea. Suly é um jogador não muito habilidoso, que não tem características de um armador. É um centroavante nato, que sabe o que fazer com a bola dentro da grande área, que utiliza a sua força física para se livrar dos zagueiros e fazer o arremate – com os dois pés. 

Com a repercussão em todo o mundo sobre a atuação do jovem no Mundial do México, muitos jornalistas e profissionais do futebol duvidaram que Coulibaly realmente tivesse 16 anos. A suposição tem fundamento pelos históricos de “gatos” no futebol africano: é comum ver jogadores disputando torneios de base com porte atlético e feições de jogadores mais velhos. Nada, porém, que ofuscasse os feitos de Souleymane no território Azteca. Principalmente quando se tratava das propostas de grandes clubes europeus. 

Real Madrid era um dos clubes interessados em contratar “o novo Drogba” – tanto que os espanhóis mandaram um olheiro para Guadalajara especialmente para observar o garoto no desafio contra os brasileiros. E ficaram admirados com o que viram. Com o passe estipulado pelo Siena em € 75 mil, os merengues estavam próximos de um acerto, mas o Tottenham entrou na briga e atravessou o negócio. 

Após o Mundial, estima-se que o clube de Londres tenha contratado o jovem marfinense por € 2,25 milhões (valor não confirmado pelo clube). Coulibaly ainda não estreou no time principal dos Spurs, mas já deixou o seu cartão de visitas. Desde a sua chegada ao White Hart Lane, Suly está entre os atletas da categoria Junior, sempre mantendo sua principal característica: marcando muitos gols – alguns deles marcados no Torneio NextGen (um torneio Sub-19, que conta com grandes clubes europeus), no qual foram 2 gols contra a Inter de Milão e 1 contra o PSV. 

De desconhecido a maior artilheiro do Mundial Sub-17, Coulibaly conquistou o mundo com seus belos gols e com seu estilo de centroavante à moda antiga, aliados à vitalidade de um garoto que sempre brincou com a bola nos campinhos de Abiyán. Se ele realmente é mais um dos jogadores africanos “gatos” ninguém confirma, mas temos certeza que Didier Drogba pode ficar sossegado quando deixar a seleção dos “Elefantes”, pois terá um sucessor à altura. Ele e todo o povo da Costa do Marfim agradecem. 

Ficha Técnica
Nome Completo: Souleymane Coulibaly
Nascido em: 26 de dezembro de 1996 em Abiyán – Costa do Marfim
Posição: Centroavante
Clubes como Jogador: Siena-ITA (2009 a 2011) e Tottenham-ING (à partir de 2011) 

Publicado originalmente publicado no site Trivela em 26 de outubro de 2011: http://trivela.uol.com.br/blog/lado-b/souleymane-coulibaly-o-novo-drogba

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Narrando futebol

Teste de narrador num concurso cultural do canal Fox Sports. Ao lado do amigo Leandro Lopes Rosilho, narrei Once Caldas x Inter, jogo válido pela Pré-Libertadores.


PILOTO: Programa de Rádio - Bate Bola (2007)

Piloto (apresentação) de um programa esportivo de rádio, realizado em 2007. Futebol e humor. Confira.



RELEMBRE O JOGADOR: Pavel Nedved – Maior jogador tcheco depois de Masopust


Nedved foi um dos maiores jogadores da história do
Juventus

O futebol tcheco viveu duas fases marcantes em sua história: o antes e o depois da Tchecoslováquia. Antes de separar-se da Eslováquia, eles foram campeões olímpicos na antiga União Soviética em 1980, campeões europeus na Iugoslávia em 1976, vice-campeões olímpicos nas Olimpíadas de Tóquio em 1964 e vice campeões mundiais no Chile em 1962, contra o Brasil. Após a separação, eles só conseguiram o vice-campeonato da Eurocopa na Inglaterra em 1996, ao serem derrotados pela Alemanha no estádio de Wembley por 2x1.


Em cada uma dessas fases do futebol tcheco surgiu uma lenda: primeiro Josef Masopust e, mais recentemente, Pavel Nedved.


Nedved foi o maior e mais talentoso jogador a vestir a camisa da Republica Tcheca, depois de Masopust. Jogador com técnica diferenciada, se doava ao time até o último minuto e chutava com maestria com ambas as pernas. Foi ídolo no seu país e na Itália, país por onde jogou.


Filho de Anna e Vaclavu Nedved, Pavel já mostrava amor ao esporte bretão aos 5 anos. Sabendo do sonho do garoto em se tornar jogador de futebol, os pais resolveram levá-lo ao clube de jovens da cidade de Cheb, o TJ Skalna, para aprender os principais fundamentos do futebol. Nedved permaneceu no clube por 8 anos. Aos 13, ele deixou o Skalna e passou a frequentar diversos clubes próximos da cidade de Cheb, onde nasceu e vivia com os pais. Andou por Cheb RH, VTJ Tabor, até chegar ao Dukla Praga em 1991, aos 18 anos.


No clube onde jogou ninguém menos do que Masopust, Nedved permaneceu por 1 ano. Atuou pelo time de base até conseguir uma oportunidade na equipe principal, jogando em 19 partidas e marcando 3 gols. Em 1992, Nedved se transferiu para uma outra equipe, mais tradicional e com chances de ganhar títulos no país: o Sparta Praga.


Nesse período, ocorreu o processo histórico que dividiu a Tchecoslováquia em dois países: a República Tcheca e a Eslováquia. A separação foi oficializada em 1º de janeiro de 1993. Essa divisão ficou conhecida como Separação de Veludo por ter ocorrido de forma pacífica, sem nenhum conflito armado.

Nedved foi apresentado ao país, vencendo 3 títulos da Liga Tcheca e uma Copa. Foi atuando pelo time da capital que o jogador realizou outro sonho: ter a oportunidade de atuar na seleção da recém-formada República Tcheca. A estreia do jogador foi em junho de 1994, num amistoso contra a seleção da Irlanda. Os irlandeses foram derrotados pelo placar de 3x1.


Após o início promissor na seleção, Nedved teve sua grande oportunidade na Eurocopa da Inglaterra em 1996. Jogando nas cidades de Liverpool e Manchester, a República Checa enfrentou seleções de peso como Alemanha e Itália. Com uma vitória (2x1 sobre a Itália – com um gol de Nedved, seu primeiro gol com a camisa da seleção tcheca), um empate (3x3 com a Rússia) e uma derrota (2x0 para a Alemanha), a República Tcheca se classificou para as finais, superando os italianos pelo saldo de gols. 

As duas seleções somavam 4 pontos, mas a seleção tcheca marcou 5 gols – dois a mais que os italianos. Liderando uma equipe jovem e com muito potencial, Nedved ajudou a seleção da República Tcheca a chegar às finais da Euro 96. Nas quartas-de-final, vitória sobre Portugal por 1x0, com gol de Poborsky; nas semifinais, eliminaram a França de Zinedine Zidane nos pênaltis após empatar em 0x0. Nedved marcou o seu, vencendo a disputa por 6x5. Na grande final, disputada em Wembley, novo encontro com os alemães que eliminaram a Croácia (2x1) e os donos da casa (1x1 no tempo normal e 6x5 nos pênaltis). Com a bola rolando, a superioridade alemã prevaleceu mais uma vez com uma nova vitória: foram 2 gols de Bierhoff (um no tempo normal e outro na prorrogação, o chamado gol de ouro) e os alemães conquistaram o terceiro título europeu com uma vitória de virada por 2x1. Patrick Berger marcou o gol tcheco. Foi a primeira final da seleção tcheca desde 1976, quando ainda fazia parte da Tchecoslováquia.


Com a ótima participação na Euro, o futebol de Nedved – e de outros jogadores tchecos –chamou a atenção de grandes clubes europeus. Pavel tinha um acordo verbal com o PSV Eindhoven, mas os italianos da Lazio chegaram na frente e contrataram o meia junto ao Sparta Praga no segundo semestre de 1996.


Em Roma, Nedved permaneceu por 5 temporadas. Jogou 204 partidas, marcando 54 gols. Pela equipe biancocelesti, o jogador conquistou um Campeonato Italiano (1999/00), duas Copas da Itália (1997/98 e 1999/00), duas Supercopas Italiana (1998 e 2000), uma Copa dos Campeões de Copas Européias (1999) e uma Supercopa Européia (1999) – esta última vencendo o Manchester United em Mônaco por 1x0, com gol do chileno Marcelo Salas. A Lazio também foi finalista da Copa da UEFA em 1998, contra a Inter de Milão em Paris. Vitória nerazzurri por 3x0, gols de Zamorano, Zanetti e Ronaldo.

Nedved foi importante no crescimento da Lazio nos anos 90, ofuscando o seu maior rival, a Roma. Falando na rivalidade entre os dois clubes, Pavel Nedved foi vítima em um dos lances mais bonitos do futebol: em 2000, durante um derby entre Roma e Lazio na capital italiana, o meia tcheco sofreu uma sequência de 3 chapéus do lateral brasileiro Cafu.


No mesmo ano, Nedved disputaria seu segundo torneio europeu de seleções, a Euro 2000, realizada na Holanda e na Bélgica. A seleção tcheca estava no Grupo D com Holanda, França e Dinamarca. Com duas derrotas (1x0 para a Holanda e 2x1 para a França) e uma vitória (2x0 sobre a Dinamarca), os tchecos foram eliminados na primeira fase, terminando em terceiro na tabela. A França, que se classificara em segundo, levaria o segundo título europeu ao derrotar a Itália na final por 2x1, com um golaço de Trezeguet na prorrogação.


Com Nedved, a Lazio conquistou muitos títulos, mas o clube romano se encontrava numa grave crise financeira e sua negociação foi inevitável. Com propostas de Manchester United, Real Madrid, Barcelona, Inter de Milão, Arsenal, Chelsea e Juventus na mesa, o proprietário da Lazio teve que tomar uma decisão para o bem das finanças do clube. Por isso, o meia foi vendido à Juventus no verão de 2001, por € 36,6 milhões, tornando-se a 18º maior transação do futebol mundial.


Contratado para substituir ninguém menos do que o craque francês Zinédine Zidane, que havia se transferido para o Real Madrid por € 76 milhões (na época, a maior transação internacional de atletas de futebol da história), Nedved provou que podia ser o substituto ideal ao maestro francês: logo em sua primeira temporada, conquistou seu primeiro título com a camisa da “Vecchia Signora”, o campeonato italiano de 2001/02. A temporada de 2002/03 seria a melhor de toda a carreira de Nedved. Muita dedicação, raça e belíssimos gols chutando com as duas pernas renderam a ele os apelidos de Mago Tcheco e Fúria Ceca (Fúria Tcheca). Mesmo tendo ele e a seleção de seu país ficado de fora da Copa do Mundo na Coréia e Japão de 2002, o craque tcheco decidiu jogos importantes e foi um jogador essencial na campanha do clube de Turim, o qual buscava a terceira taça da Liga dos Campeões da Europa.


O time foi o primeiro colocado do Grupo E, com 16 pontos, superando Newcastle (ING), Dynamo Kiev (UCR) e Feyenoord (HOL). Nas quartas de final, enfrentou o Barcelona (1x1 em Turim e 1x2 na Espanha) e o Real Madrid nas semi-finais (2x1 na capital espanhola e 3x1 em Turim). Nedved marcou o terceiro gol da Juve na partida decisiva. Porém, durante a disputa, o craque tcheco deu um carrinho no meia inglês Steve McManaman do Real e o camisa 11 da Juventus recebeu o terceiro cartão amarelo – ficando de fora da final e deixando o jogador desesperado.


Classificada para enfrentar o Milan no Estádio Old Trafford em Manchester e sem Nedved, a Juventus tinha outras armas para tentar levar o título, mas os atacantes Trezeguet e Del Piero não conseguiram superar a forte defesa rossonero e a partida foi decidida nas penalidades. Nas cobranças, o Milan venceu por 3x2, conquistando a taça da Liga dos Campeões da Europa pela sexta vez.


Nedved não pode ajudar a equipe a superar um dos seus maiores rivais, mas levou de consolo mais um campeonato italiano, e aos 31 anos foi premiado com a Bola de Ouro da Revista France Football, como o melhor jogador da temporada. Foi o sexto jogador da Juventus a vencer o prêmio – antes dele, o argentino Omar Sivori (1961), o italiano Paolo Rossi (1982), o francês Michel Platini (1983/84/85), o italiano Roberto Baggio (1993) e o francês Zinédine Zidane (1998) haviam conquistado o prêmio jogando pela Juve. O jogador também foi agraciado com o prêmio de Jogador do Ano da Itália (chamado também de “Oscar do Calcio”), ao lado de Francesco Totti da Roma. Na eleição dos melhores jogadores, feita pela FIFA, Nedved nem chegou entre os três melhores: terminou em quarto, atrás de Ronaldo, Henry e Zidane, que conquistava o título de melhor jogador do mundo pela terceira vez.


Em 2004, durante as festividades do centenário da FIFA, Pelé foi convidado pela entidade a escalar os 100 maiores jogadores de futebol vivos. Pavel foi eleito, ao lado de Josef Masopust, como o maior futebolista tcheco da história.


Em junho do mesmo ano, Nedved estava relacionado entre os convocados de Karel Brückner para a disputa da Euro 2004 em Portugal. Aos 32 anos, Nedved se tornaria o capitão do time, ao lado de antigos companheiros como o meia Karel Poborsky, Milan Baros e Vladimír Smicer. Os tchecos contavam com um time mais experiente para tentar o primeiro título desde a separação da Tchecoslováquia. Jogando no grupo D contra Holanda, Alemanha e Letônia, os tchecos se classificaram em primeiro, com os holandeses em segundo. A Alemanha, tricampeã européia e em processo de renovação, teve uma péssima campanha (1 empate e 2 derrotas), terminando em terceiro e indo para casa mais cedo. Firme na busca do titulo, os tchecos atropelaram a Dinamarca por 3x0 nas quartas-de-final, mas ficaram pelo caminho na semifinal, ao serem derrotados pela surpreendente Grécia por 1x0 na prorrogação. Após a derrota para os gregos, Nedved decidiu abandonar a seleção tcheca.


A Juventus, liderada pelo craque tcheco e do artilheiro sueco Zlatan Ibrahimovic, conquistaria mais 2 títulos italianos em sequência (2004/05 a 2005/06), mas veio à tona um escândalo relacionado à manipulação de resultados que envolveria, além da Juve, o Milan, Fiorentina, Lazio e Reggina. Todos os clubes envolvidos no escândalo perderam pontuações na classificação e também (no caso de Milan, Juventus e Fiorentina) perderam as vagas nas copas européias. A decisão da promotoria optou também por retirar os dois títulos da Juve (que acabaram indo para a Inter, terceira colocada, pois o Milan, vice-campeão, também foi punido) e, conseqüentemente, rebaixar o clube para a segunda divisão do futebol italiano. A Juve, que estava próxima de bordar a terceira estrela em sua camisa (alusiva ao trigésimo título italiano), permaneceu com 27 scudettos, sendo o maior campeão do futebol da velha bota.


Com o clube na série B, muitos atletas resolveram partir. O atacante sueco Ibrahimovic e o volante francês Vieira se transferiram para a Inter de Milão, que emplacaria uma sequência de 4 títulos italianos. Nedved, Buffon, Del Piero e Trezeguet decidiram permanecer no clube e jogar a segundona. E não decepcionaram. Com os três jogadores, a Juventus fez uma ótima campanha, retornando à divisão principal do futebol italiano sem dificuldades.


Nedved teve um novo capítulo na seleção tcheca: o técnico Karel Brückner convenceu o meia a ajudar a seleção na Copa do Mundo na Alemanha em 2006. O início na participação tcheca até foi promissora, num sonoro 3x0 contra a seleção norte-americana, mas a presença do meia da Juve não foi o suficiente para garantir à República Tcheca êxito nas outras partidas: as derrotas para Gana e Itália (ambas por 2x0) eliminaram os tchecos do mundial na primeira fase. O time dos sonhos, que tinha um dos melhores jogadores da história do futebol tcheco, tinha sido terminado.


Na temporada 2007/08, ano que a Juventus retornou da série B, o desempenho foi satisfatório. O clube terminou o campeonato em terceiro, atrás da campeã Inter de Milão e da vice Roma. Pavel foi um jogador fundamental na campanha da Vecchia Signora no certame, com muita técnica e raça – suas características mais marcantes. Tanto que num clássico contra a Inter, Nedved gerou polêmica ao lesionar o meia português Luis Figo numa dividida. O tcheco fraturou a fíbula do craque luso, sendo duramente criticado pelo lance.


Em 2008, Nedved pensou em parar de jogar para dedicar seu tempo à família. O jogador é casado desde os 21 anos com Ivana Nedved, com quem namorava desde os tempos em que jogava no Sparta Praga, e tem dois filhos: Ivana e Pavel, um casal que leva seus próprios nomes.


Convencido pelo presidente da Juve, Nedved assina em 2008 a renovação de contrato com duração de um ano. Apesar de sofrer com uma lesão e com especulações de transferência para o futebol japonês, o jogador resolveu permanecer em Turim, mas não voltou atrás da decisão de abandonar a seleção. O atleta não quis participar da Euro 2008, na Áustria e Suíça, mesmo com os apelos de antigos colegas e do técnico Karel Brückner, o qual acaba deixando o comando do selecionado tcheco após a competição.


Pela seleção da República Tcheca, Pavel Nedved atuou em 91 partidas, com 18 gols marcados. É o segundo jogador que mais vestiu a camisa da seleção, perdendo apenas para o também meia Karel Poborsky, que atuou em 118 jogos. Nedved não conquistou nenhum título jogando pela seleção da República Tcheca.


Em fevereiro de 2009, o jogador anuncia oficialmente, aos 36 anos, sua aposentadoria do futebol, para se dedicar somente à família.


A última partida oficial de Nedved foi justamente contra o clube que abriu as portas para o tcheco no calcio: a Lazio. Jogando em Turim, o time venceu os biancocelesti por 2x0. O Mago teve uma atuação regular, dando assistências (inclusive a do segundo gol), e muitos chutes a gol. O jogador foi substituído no segundo tempo, para tristeza da torcida bianconeri. Nedved foi abraçado por todos os seus companheiros no gramado e fora dele foi ovacionado pelos torcedores, que levaram uma faixa com os dizeres “Grazie Pavel”, em agradecimento aos quase 10 anos de lealdade e ótimos serviços prestados pelo craque tcheco, que atuou em 327 partidas, com 50 gols marcados e muitos títulos.

No mesmo dia, além de Nedved, mais dois craques deram adeus aos gramados: o italiano Paolo Maldini do Milan e o português Luis Figo da Inter. O futebol ficou mais triste.


O agora ex-jogador ficou longe do futebol por pouco tempo. A Juventus penava com dificuldades financeiras e técnicas, principalmente após a aposentadoria do Mago Tcheco. O brasileiro Diego (ex-Santos, Lazio e Wolfsburg) foi contratado para substituí-lo, mas decepcionou. Em 2010, Nedved voltou à Juventus – desta vez como diretor e membro do conselho do clube. Sua função agora é atuar como supervisor e ser o intermediário entre os jogadores e a diretoria.


Em 2011, Nedved anunciou que publicará a sua autobiografia, onde contará a sua vida no futebol – desde o seu nascimento em Cheb até sua evolução como jogador na Itália e suas conquistas individuais, como a Bola de Ouro, e conquistas coletivas vestindo a camisa da Vecchia Signora, onde se tornou o único jogador estrangeiro a atuar mais vezes com a camisa da Juve – clube que ainda sofre com a ausência do Mago Tcheco. Mas os torcedores italianos não são os únicos a sofrer: sofrem também os tchecos, que perderam seu capitão e um dos maiores jogadores da história do país.



Ficha Técnica
Nome Completo: Pavel Nedved
Nascido em 30 de agosto de 1972 em Cheb – Tchecoslováquia
Posição: Meia Site Oficial: www.pavelnedved.cz
Clubes como Jogador: Dukla-CZE (1991 a 1992), Sparta Praga-CZE (1992 a 1996), Lazio-ITA (1996 a 2001) e Juventus-ITA (2001 a 2009)
Títulos como Jogador: 3 Campeonatos Tchecos (1993, 1994 e 1995) e 1 Copa da República Tcheca (1996), 2 Coppa Italia (1998 e 2000), 4 Supercopas Italianas (1998, 2000, 2002 e 2003), 1 Recopa Europeia (1999), 1 Supercopa Europeia (1999), 3 Campeonatos Italianos (2000, 2002 e 2003) e 1 Campeonato Italiano Serie B (2007)
Seleção: 91 jogos e 18 gols marcados

Texto publicado originalmente no Trivela em 05 de setembro de 2011: http://trivela.uol.com.br/blog/lado-b/pavel-nedved-maior-jogador-tcheco-depois-de-masopust/

CONHEÇA O JOGADOR: Kyle Ebecilio – Jogador Sub-17, futebol de gente grande


Kyle Ebecilio se destacou no Europeu sub-17 e também
no Mundial da categoria realizada no México.

No futebol, quando se fala em volantes atualmente, se pensa em jogadores quebradores de bola, que marcam forte – até com uma certa virilidade. Lembrou de Nigel De Jong, certo? Por falar em volantes holandeses que se caracterizam pela força, pela raça, um jovem surge agora como uma promessa de craque. Craque? Sim. Características como habilidade, velocidade e força fazem de Kyle Ebecilio uma grata revelação holandesa.


Nascido na cidade de Hoorn, região noroeste da Holanda, Kyle seguiu os passos do irmão mais velho Lorenzo. O talento do irmão, que joga como atacante, o levou a vestir a camisa do Ajax, da capital Amsterdã, aos 18 anos. Kyle tinha apenas 15 quando deixou a cidade natal e desembarcou em Rotterdã para jogar no Feyenoord, que levou o garoto para sua academia de formação de jovens jogadores. Ao lado dele estava seu primo, Jeffrey Bruma, um zagueiro muito promissor que despertava o interesse do Chelsea.


Em 2009, os blues de Londres confirmaram seus interesses e levaram o jovem zagueiro para Stanford Bridge. Por sua vez, Kyle começava a brilhar mais na seleção de base da Holanda quanto no Feyenoord.


Sua estreia na seleção laranja foi no Campeonato Europeu Sub-17, na Sérvia, no ano passado. Com uma campanha irretocável (6 vitórias e um empate), a Holanda conquistaria o seu primeiro título da categoria ao derrotar a Alemanha na final por 5x2. Ebecilio, que foi o melhor jogador do torneio, marcou um dos gols, se tornando o artilheiro da competição, ao lado do também holandês Tonny Trindade e do alemão Samed Yesil, com 3 gols marcados cada.


Após a conquista do torneio europeu pela seleção holandesa, o contrato de Kyle Ebecilio com o clube de Rotterdã chegava ao fim. E o futebol do garoto começou a ser disputado por dois gigantes ingleses: o Chelsea – que em 2009 havia contratado do Feyenoord o zagueiro Jeffrey Bruma – tentou de todas as formas contratar o talentoso volante. Além dos blues, o Arsenal também estaria na disputa pelo jovem, que em 2010 estava com 16 anos.


Londres estava cada vez mais próxima de ser a nova casa de Ebecilio. Os Gunners venceram a disputa com o Chelsea pelo jovem holandês. Com a tradição de trabalhar no desenvolvimento de jovens jogadores (e revelar talentos como por exemplo o espanhol Cesc Fabregas), o Arsenal levou o garoto no verão de 2010 para atuar nas divisões de base. Kyle foi destaque pelo clube nos torneios sub-18 e pela FA Youth Cup na temporada de 2010/11 (uma espécie de Copa da Inglaterra Juvenil).


Em fevereiro de 2011, Ebecilio assinou seu primeiro contrato profissional com o Arsenal. Arsene Wenger, técnico dos Gunners, pediu a transferência do garoto para Londres e fez questão de contar com o meia para as principais competições que o Arsenal disputará na temporada 2011/12 (Liga dos Campeões, Premier League, Copa da Inglaterra e Copa da Liga Inglesa).


Em junho de 2011, no México, a Holanda chegou ao Mundial Sub-17 como uma das grandes favoritas para a conquista do título. Com um técnico experiente, um grupo forte e unido e com craques como Ebecilio, era certo que os laranjas estariam entre os melhores da competição. O time, porém, não confirmou as expectativas. Num grupo que contava com os donos da casa, o Congo e a Coreia do Norte, a Holanda terminou a primeira fase em último lugar, com duas derrotas (1x0 Congo e 3x2 México) e um empate (1x1 com a Coreia do Norte). Mesmo com as derrotas, os erros e a eliminação, Kyle Ebecilio chamou a atenção por suas qualidades – principalmente sua habilidade – marcando um belo gol contra os mexicanos. “Não posso estar orgulhoso com a minha atuação, já que jogamos e perdemos em equipe, mas estou orgulhoso do grupo, nós lutamos muito e demos tudo até o final”, disse ao Fifa.com o camisa 6 e destaque holandês no mundial.


Pela seleção de base da Holanda, os números de Kyle são inexpressivos, mas eficientes: em dois torneios oficiais (um mundial e um europeu), disputou 8 jogos, com 4 vitórias, 2 empates e 2 derrotas, marcando 4 gols.


Nessas competições, Kyle Ebecilio mostrou qualidades que o classificam como uma grande realidade do futebol: capacidade de recuperar a bola, driblar e distribuir o jogo com extrema qualidade. Com 1,81m de altura, o jogador lembra muito o volante francês Patrick Vieira – tanto física quanto tecnicamente. Mas a inspiração do garoto é outro jogador, que substituiu o próprio Vieira no Arsenal: o camaronês Alex Song. “(Ele) é meu modelo. Ele joga na mesma posição que eu e é muito técnico. Sinto que meu futebol é muito parecido com o dele”, afirma em entrevista ao site da FIFA.


Uma coisa é certa: o futebol de Kyle Ebecilio vai crescer muito e o jogador logo estará entre os selecionáveis do técnico Bert van Marwijk. Assim como no time principal do Arsenal. E quem sabe seguir o mesmo caminho de seus conterrâneos Dennis Bergkamp e Robin van Persie e se tornar um grande ídolo dos Gunners. Potencial ele mostrou que tem.




Ficha Técnica
Nome Completo: Kyle Ebecilio
Nascido em: 17 de fevereiro de 1994 em Hoorn (Holanda)
Posição: meio-campista (volante)
Clubes como jogador: Feyenoord (2009/10), Arsenal-ING (desde 2010)
Titulos como jogador: Campeão Europeu Sub-17 (2010)






Texto publicado originalmente no Trivela em 23 de agosto de 2011: http://trivela.uol.com.br/blog/lado-b/kyle-ebecilio-sub-17-mas-futebol-de-gente-grande/

domingo, 29 de abril de 2012

OPINIÃO: Pep, o grande!

Josep Guardiola foi um volante de muita qualidade. Tinha uma categoria rara em jogadores da posição. Jogava tanto no setor defensivo, quanto no ofensivo. Revelado no Centro de Treinamentos de La Masia, subiu para os profissionais do Barça em 1992, numa partida do campeonato Espanhol, substituindo o suspenso Guillermo Amor. Desde então não saiu mais do time. No mesmo ano foi campeão europeu pelo Barcelona derrotando a Sampdoria, em Wembley por 1x0. Naquela época o time já era imbatível. Contava com nomes de respeito como o goleiro espanhol Andoni Zubizarreta, o zagueiro holandês Ronald Koeman, o meia dinamarquês Michael Laudrup, o atacante búlgaro Hristo Stoichkov e comandado pelo técnico holandês Johan Cruyff. Foi capitão, líder, maestro do time blaugraná por 17 anos.

Pela seleção espanhola, Guardiola conquistou em casa a medalha de ouro com o time sub-23. Atuando pelo time principal, jogou a Copa de 1994 e a Euro de 2000. Deixou os gramados em 2006, após passagens pelo futebol italiano e árabe.

O grande ápice na carreira de "Pep" seria na beira do gramado, quando voltou para La Masia para trabalhar na base do Barça, até ser "promovido" ao grupo principal. Dirigindo um time recheado de estrelas e pratas da casa, ganhou 13 dos 18 títulos que disputou. Revolucionou o modo de atuar nas quatro linhas, tornando o Barcelona um dos times mais fantásticos do século.

Depois de cinco anos extraordinários ensinando o mundo como se joga futebol, Guardiola deixou o comando do Barcelona após duas semanas tenebrosas. Derrota para o maior rival em casa - perdendo a possibilidade de faturar o título espanhol - e eliminação da Liga dos Campeões para o Chelsea. Três jogos sem vitórias.

O motivo da saída de Guardiola não foram por causa das derrotas. As perguntas são diversas. Os motivos não foram bem esclarecidos. O treinador saiu pela porta da frente, considerado como um dos maiores comandantes da história do Barcelona. E o status de  maior técnico do mundo. 

O destino de Pep ninguém sabe. Ele disse que pretende descansar, ficar longe do futebol por um tempo. Há rumores que ele pode ir para o futebol italiano, comandar a seleção inglesa, e acreditem: até dirigir a seleção brasileira. Bom, pelo menos é o que a maioria dos brasileiros querem.

Quem sabe treinando a seleção, ele se tornaria um técnico nota 10?!

Uma coisa é certa: Guardiola não permanecerá fora do futebol por muito tempo, o destino dele é uma incógnita, mas pra onde ele for será vencedor. Afinal, todos o querem e certamente ele quer desafios maiores.

Aos amigos que não tiveram a oportunidade de vê-lo jogar. Aproveite e assista este video. Vale a pena. Jogava muito!