quarta-feira, 16 de maio de 2012

Narrando futebol

Teste de narrador num concurso cultural do canal Fox Sports. Ao lado do amigo Leandro Lopes Rosilho, narrei Once Caldas x Inter, jogo válido pela Pré-Libertadores.


PILOTO: Programa de Rádio - Bate Bola (2007)

Piloto (apresentação) de um programa esportivo de rádio, realizado em 2007. Futebol e humor. Confira.



RELEMBRE O JOGADOR: Pavel Nedved – Maior jogador tcheco depois de Masopust


Nedved foi um dos maiores jogadores da história do
Juventus

O futebol tcheco viveu duas fases marcantes em sua história: o antes e o depois da Tchecoslováquia. Antes de separar-se da Eslováquia, eles foram campeões olímpicos na antiga União Soviética em 1980, campeões europeus na Iugoslávia em 1976, vice-campeões olímpicos nas Olimpíadas de Tóquio em 1964 e vice campeões mundiais no Chile em 1962, contra o Brasil. Após a separação, eles só conseguiram o vice-campeonato da Eurocopa na Inglaterra em 1996, ao serem derrotados pela Alemanha no estádio de Wembley por 2x1.


Em cada uma dessas fases do futebol tcheco surgiu uma lenda: primeiro Josef Masopust e, mais recentemente, Pavel Nedved.


Nedved foi o maior e mais talentoso jogador a vestir a camisa da Republica Tcheca, depois de Masopust. Jogador com técnica diferenciada, se doava ao time até o último minuto e chutava com maestria com ambas as pernas. Foi ídolo no seu país e na Itália, país por onde jogou.


Filho de Anna e Vaclavu Nedved, Pavel já mostrava amor ao esporte bretão aos 5 anos. Sabendo do sonho do garoto em se tornar jogador de futebol, os pais resolveram levá-lo ao clube de jovens da cidade de Cheb, o TJ Skalna, para aprender os principais fundamentos do futebol. Nedved permaneceu no clube por 8 anos. Aos 13, ele deixou o Skalna e passou a frequentar diversos clubes próximos da cidade de Cheb, onde nasceu e vivia com os pais. Andou por Cheb RH, VTJ Tabor, até chegar ao Dukla Praga em 1991, aos 18 anos.


No clube onde jogou ninguém menos do que Masopust, Nedved permaneceu por 1 ano. Atuou pelo time de base até conseguir uma oportunidade na equipe principal, jogando em 19 partidas e marcando 3 gols. Em 1992, Nedved se transferiu para uma outra equipe, mais tradicional e com chances de ganhar títulos no país: o Sparta Praga.


Nesse período, ocorreu o processo histórico que dividiu a Tchecoslováquia em dois países: a República Tcheca e a Eslováquia. A separação foi oficializada em 1º de janeiro de 1993. Essa divisão ficou conhecida como Separação de Veludo por ter ocorrido de forma pacífica, sem nenhum conflito armado.

Nedved foi apresentado ao país, vencendo 3 títulos da Liga Tcheca e uma Copa. Foi atuando pelo time da capital que o jogador realizou outro sonho: ter a oportunidade de atuar na seleção da recém-formada República Tcheca. A estreia do jogador foi em junho de 1994, num amistoso contra a seleção da Irlanda. Os irlandeses foram derrotados pelo placar de 3x1.


Após o início promissor na seleção, Nedved teve sua grande oportunidade na Eurocopa da Inglaterra em 1996. Jogando nas cidades de Liverpool e Manchester, a República Checa enfrentou seleções de peso como Alemanha e Itália. Com uma vitória (2x1 sobre a Itália – com um gol de Nedved, seu primeiro gol com a camisa da seleção tcheca), um empate (3x3 com a Rússia) e uma derrota (2x0 para a Alemanha), a República Tcheca se classificou para as finais, superando os italianos pelo saldo de gols. 

As duas seleções somavam 4 pontos, mas a seleção tcheca marcou 5 gols – dois a mais que os italianos. Liderando uma equipe jovem e com muito potencial, Nedved ajudou a seleção da República Tcheca a chegar às finais da Euro 96. Nas quartas-de-final, vitória sobre Portugal por 1x0, com gol de Poborsky; nas semifinais, eliminaram a França de Zinedine Zidane nos pênaltis após empatar em 0x0. Nedved marcou o seu, vencendo a disputa por 6x5. Na grande final, disputada em Wembley, novo encontro com os alemães que eliminaram a Croácia (2x1) e os donos da casa (1x1 no tempo normal e 6x5 nos pênaltis). Com a bola rolando, a superioridade alemã prevaleceu mais uma vez com uma nova vitória: foram 2 gols de Bierhoff (um no tempo normal e outro na prorrogação, o chamado gol de ouro) e os alemães conquistaram o terceiro título europeu com uma vitória de virada por 2x1. Patrick Berger marcou o gol tcheco. Foi a primeira final da seleção tcheca desde 1976, quando ainda fazia parte da Tchecoslováquia.


Com a ótima participação na Euro, o futebol de Nedved – e de outros jogadores tchecos –chamou a atenção de grandes clubes europeus. Pavel tinha um acordo verbal com o PSV Eindhoven, mas os italianos da Lazio chegaram na frente e contrataram o meia junto ao Sparta Praga no segundo semestre de 1996.


Em Roma, Nedved permaneceu por 5 temporadas. Jogou 204 partidas, marcando 54 gols. Pela equipe biancocelesti, o jogador conquistou um Campeonato Italiano (1999/00), duas Copas da Itália (1997/98 e 1999/00), duas Supercopas Italiana (1998 e 2000), uma Copa dos Campeões de Copas Européias (1999) e uma Supercopa Européia (1999) – esta última vencendo o Manchester United em Mônaco por 1x0, com gol do chileno Marcelo Salas. A Lazio também foi finalista da Copa da UEFA em 1998, contra a Inter de Milão em Paris. Vitória nerazzurri por 3x0, gols de Zamorano, Zanetti e Ronaldo.

Nedved foi importante no crescimento da Lazio nos anos 90, ofuscando o seu maior rival, a Roma. Falando na rivalidade entre os dois clubes, Pavel Nedved foi vítima em um dos lances mais bonitos do futebol: em 2000, durante um derby entre Roma e Lazio na capital italiana, o meia tcheco sofreu uma sequência de 3 chapéus do lateral brasileiro Cafu.


No mesmo ano, Nedved disputaria seu segundo torneio europeu de seleções, a Euro 2000, realizada na Holanda e na Bélgica. A seleção tcheca estava no Grupo D com Holanda, França e Dinamarca. Com duas derrotas (1x0 para a Holanda e 2x1 para a França) e uma vitória (2x0 sobre a Dinamarca), os tchecos foram eliminados na primeira fase, terminando em terceiro na tabela. A França, que se classificara em segundo, levaria o segundo título europeu ao derrotar a Itália na final por 2x1, com um golaço de Trezeguet na prorrogação.


Com Nedved, a Lazio conquistou muitos títulos, mas o clube romano se encontrava numa grave crise financeira e sua negociação foi inevitável. Com propostas de Manchester United, Real Madrid, Barcelona, Inter de Milão, Arsenal, Chelsea e Juventus na mesa, o proprietário da Lazio teve que tomar uma decisão para o bem das finanças do clube. Por isso, o meia foi vendido à Juventus no verão de 2001, por € 36,6 milhões, tornando-se a 18º maior transação do futebol mundial.


Contratado para substituir ninguém menos do que o craque francês Zinédine Zidane, que havia se transferido para o Real Madrid por € 76 milhões (na época, a maior transação internacional de atletas de futebol da história), Nedved provou que podia ser o substituto ideal ao maestro francês: logo em sua primeira temporada, conquistou seu primeiro título com a camisa da “Vecchia Signora”, o campeonato italiano de 2001/02. A temporada de 2002/03 seria a melhor de toda a carreira de Nedved. Muita dedicação, raça e belíssimos gols chutando com as duas pernas renderam a ele os apelidos de Mago Tcheco e Fúria Ceca (Fúria Tcheca). Mesmo tendo ele e a seleção de seu país ficado de fora da Copa do Mundo na Coréia e Japão de 2002, o craque tcheco decidiu jogos importantes e foi um jogador essencial na campanha do clube de Turim, o qual buscava a terceira taça da Liga dos Campeões da Europa.


O time foi o primeiro colocado do Grupo E, com 16 pontos, superando Newcastle (ING), Dynamo Kiev (UCR) e Feyenoord (HOL). Nas quartas de final, enfrentou o Barcelona (1x1 em Turim e 1x2 na Espanha) e o Real Madrid nas semi-finais (2x1 na capital espanhola e 3x1 em Turim). Nedved marcou o terceiro gol da Juve na partida decisiva. Porém, durante a disputa, o craque tcheco deu um carrinho no meia inglês Steve McManaman do Real e o camisa 11 da Juventus recebeu o terceiro cartão amarelo – ficando de fora da final e deixando o jogador desesperado.


Classificada para enfrentar o Milan no Estádio Old Trafford em Manchester e sem Nedved, a Juventus tinha outras armas para tentar levar o título, mas os atacantes Trezeguet e Del Piero não conseguiram superar a forte defesa rossonero e a partida foi decidida nas penalidades. Nas cobranças, o Milan venceu por 3x2, conquistando a taça da Liga dos Campeões da Europa pela sexta vez.


Nedved não pode ajudar a equipe a superar um dos seus maiores rivais, mas levou de consolo mais um campeonato italiano, e aos 31 anos foi premiado com a Bola de Ouro da Revista France Football, como o melhor jogador da temporada. Foi o sexto jogador da Juventus a vencer o prêmio – antes dele, o argentino Omar Sivori (1961), o italiano Paolo Rossi (1982), o francês Michel Platini (1983/84/85), o italiano Roberto Baggio (1993) e o francês Zinédine Zidane (1998) haviam conquistado o prêmio jogando pela Juve. O jogador também foi agraciado com o prêmio de Jogador do Ano da Itália (chamado também de “Oscar do Calcio”), ao lado de Francesco Totti da Roma. Na eleição dos melhores jogadores, feita pela FIFA, Nedved nem chegou entre os três melhores: terminou em quarto, atrás de Ronaldo, Henry e Zidane, que conquistava o título de melhor jogador do mundo pela terceira vez.


Em 2004, durante as festividades do centenário da FIFA, Pelé foi convidado pela entidade a escalar os 100 maiores jogadores de futebol vivos. Pavel foi eleito, ao lado de Josef Masopust, como o maior futebolista tcheco da história.


Em junho do mesmo ano, Nedved estava relacionado entre os convocados de Karel Brückner para a disputa da Euro 2004 em Portugal. Aos 32 anos, Nedved se tornaria o capitão do time, ao lado de antigos companheiros como o meia Karel Poborsky, Milan Baros e Vladimír Smicer. Os tchecos contavam com um time mais experiente para tentar o primeiro título desde a separação da Tchecoslováquia. Jogando no grupo D contra Holanda, Alemanha e Letônia, os tchecos se classificaram em primeiro, com os holandeses em segundo. A Alemanha, tricampeã européia e em processo de renovação, teve uma péssima campanha (1 empate e 2 derrotas), terminando em terceiro e indo para casa mais cedo. Firme na busca do titulo, os tchecos atropelaram a Dinamarca por 3x0 nas quartas-de-final, mas ficaram pelo caminho na semifinal, ao serem derrotados pela surpreendente Grécia por 1x0 na prorrogação. Após a derrota para os gregos, Nedved decidiu abandonar a seleção tcheca.


A Juventus, liderada pelo craque tcheco e do artilheiro sueco Zlatan Ibrahimovic, conquistaria mais 2 títulos italianos em sequência (2004/05 a 2005/06), mas veio à tona um escândalo relacionado à manipulação de resultados que envolveria, além da Juve, o Milan, Fiorentina, Lazio e Reggina. Todos os clubes envolvidos no escândalo perderam pontuações na classificação e também (no caso de Milan, Juventus e Fiorentina) perderam as vagas nas copas européias. A decisão da promotoria optou também por retirar os dois títulos da Juve (que acabaram indo para a Inter, terceira colocada, pois o Milan, vice-campeão, também foi punido) e, conseqüentemente, rebaixar o clube para a segunda divisão do futebol italiano. A Juve, que estava próxima de bordar a terceira estrela em sua camisa (alusiva ao trigésimo título italiano), permaneceu com 27 scudettos, sendo o maior campeão do futebol da velha bota.


Com o clube na série B, muitos atletas resolveram partir. O atacante sueco Ibrahimovic e o volante francês Vieira se transferiram para a Inter de Milão, que emplacaria uma sequência de 4 títulos italianos. Nedved, Buffon, Del Piero e Trezeguet decidiram permanecer no clube e jogar a segundona. E não decepcionaram. Com os três jogadores, a Juventus fez uma ótima campanha, retornando à divisão principal do futebol italiano sem dificuldades.


Nedved teve um novo capítulo na seleção tcheca: o técnico Karel Brückner convenceu o meia a ajudar a seleção na Copa do Mundo na Alemanha em 2006. O início na participação tcheca até foi promissora, num sonoro 3x0 contra a seleção norte-americana, mas a presença do meia da Juve não foi o suficiente para garantir à República Tcheca êxito nas outras partidas: as derrotas para Gana e Itália (ambas por 2x0) eliminaram os tchecos do mundial na primeira fase. O time dos sonhos, que tinha um dos melhores jogadores da história do futebol tcheco, tinha sido terminado.


Na temporada 2007/08, ano que a Juventus retornou da série B, o desempenho foi satisfatório. O clube terminou o campeonato em terceiro, atrás da campeã Inter de Milão e da vice Roma. Pavel foi um jogador fundamental na campanha da Vecchia Signora no certame, com muita técnica e raça – suas características mais marcantes. Tanto que num clássico contra a Inter, Nedved gerou polêmica ao lesionar o meia português Luis Figo numa dividida. O tcheco fraturou a fíbula do craque luso, sendo duramente criticado pelo lance.


Em 2008, Nedved pensou em parar de jogar para dedicar seu tempo à família. O jogador é casado desde os 21 anos com Ivana Nedved, com quem namorava desde os tempos em que jogava no Sparta Praga, e tem dois filhos: Ivana e Pavel, um casal que leva seus próprios nomes.


Convencido pelo presidente da Juve, Nedved assina em 2008 a renovação de contrato com duração de um ano. Apesar de sofrer com uma lesão e com especulações de transferência para o futebol japonês, o jogador resolveu permanecer em Turim, mas não voltou atrás da decisão de abandonar a seleção. O atleta não quis participar da Euro 2008, na Áustria e Suíça, mesmo com os apelos de antigos colegas e do técnico Karel Brückner, o qual acaba deixando o comando do selecionado tcheco após a competição.


Pela seleção da República Tcheca, Pavel Nedved atuou em 91 partidas, com 18 gols marcados. É o segundo jogador que mais vestiu a camisa da seleção, perdendo apenas para o também meia Karel Poborsky, que atuou em 118 jogos. Nedved não conquistou nenhum título jogando pela seleção da República Tcheca.


Em fevereiro de 2009, o jogador anuncia oficialmente, aos 36 anos, sua aposentadoria do futebol, para se dedicar somente à família.


A última partida oficial de Nedved foi justamente contra o clube que abriu as portas para o tcheco no calcio: a Lazio. Jogando em Turim, o time venceu os biancocelesti por 2x0. O Mago teve uma atuação regular, dando assistências (inclusive a do segundo gol), e muitos chutes a gol. O jogador foi substituído no segundo tempo, para tristeza da torcida bianconeri. Nedved foi abraçado por todos os seus companheiros no gramado e fora dele foi ovacionado pelos torcedores, que levaram uma faixa com os dizeres “Grazie Pavel”, em agradecimento aos quase 10 anos de lealdade e ótimos serviços prestados pelo craque tcheco, que atuou em 327 partidas, com 50 gols marcados e muitos títulos.

No mesmo dia, além de Nedved, mais dois craques deram adeus aos gramados: o italiano Paolo Maldini do Milan e o português Luis Figo da Inter. O futebol ficou mais triste.


O agora ex-jogador ficou longe do futebol por pouco tempo. A Juventus penava com dificuldades financeiras e técnicas, principalmente após a aposentadoria do Mago Tcheco. O brasileiro Diego (ex-Santos, Lazio e Wolfsburg) foi contratado para substituí-lo, mas decepcionou. Em 2010, Nedved voltou à Juventus – desta vez como diretor e membro do conselho do clube. Sua função agora é atuar como supervisor e ser o intermediário entre os jogadores e a diretoria.


Em 2011, Nedved anunciou que publicará a sua autobiografia, onde contará a sua vida no futebol – desde o seu nascimento em Cheb até sua evolução como jogador na Itália e suas conquistas individuais, como a Bola de Ouro, e conquistas coletivas vestindo a camisa da Vecchia Signora, onde se tornou o único jogador estrangeiro a atuar mais vezes com a camisa da Juve – clube que ainda sofre com a ausência do Mago Tcheco. Mas os torcedores italianos não são os únicos a sofrer: sofrem também os tchecos, que perderam seu capitão e um dos maiores jogadores da história do país.



Ficha Técnica
Nome Completo: Pavel Nedved
Nascido em 30 de agosto de 1972 em Cheb – Tchecoslováquia
Posição: Meia Site Oficial: www.pavelnedved.cz
Clubes como Jogador: Dukla-CZE (1991 a 1992), Sparta Praga-CZE (1992 a 1996), Lazio-ITA (1996 a 2001) e Juventus-ITA (2001 a 2009)
Títulos como Jogador: 3 Campeonatos Tchecos (1993, 1994 e 1995) e 1 Copa da República Tcheca (1996), 2 Coppa Italia (1998 e 2000), 4 Supercopas Italianas (1998, 2000, 2002 e 2003), 1 Recopa Europeia (1999), 1 Supercopa Europeia (1999), 3 Campeonatos Italianos (2000, 2002 e 2003) e 1 Campeonato Italiano Serie B (2007)
Seleção: 91 jogos e 18 gols marcados

Texto publicado originalmente no Trivela em 05 de setembro de 2011: http://trivela.uol.com.br/blog/lado-b/pavel-nedved-maior-jogador-tcheco-depois-de-masopust/

CONHEÇA O JOGADOR: Kyle Ebecilio – Jogador Sub-17, futebol de gente grande


Kyle Ebecilio se destacou no Europeu sub-17 e também
no Mundial da categoria realizada no México.

No futebol, quando se fala em volantes atualmente, se pensa em jogadores quebradores de bola, que marcam forte – até com uma certa virilidade. Lembrou de Nigel De Jong, certo? Por falar em volantes holandeses que se caracterizam pela força, pela raça, um jovem surge agora como uma promessa de craque. Craque? Sim. Características como habilidade, velocidade e força fazem de Kyle Ebecilio uma grata revelação holandesa.


Nascido na cidade de Hoorn, região noroeste da Holanda, Kyle seguiu os passos do irmão mais velho Lorenzo. O talento do irmão, que joga como atacante, o levou a vestir a camisa do Ajax, da capital Amsterdã, aos 18 anos. Kyle tinha apenas 15 quando deixou a cidade natal e desembarcou em Rotterdã para jogar no Feyenoord, que levou o garoto para sua academia de formação de jovens jogadores. Ao lado dele estava seu primo, Jeffrey Bruma, um zagueiro muito promissor que despertava o interesse do Chelsea.


Em 2009, os blues de Londres confirmaram seus interesses e levaram o jovem zagueiro para Stanford Bridge. Por sua vez, Kyle começava a brilhar mais na seleção de base da Holanda quanto no Feyenoord.


Sua estreia na seleção laranja foi no Campeonato Europeu Sub-17, na Sérvia, no ano passado. Com uma campanha irretocável (6 vitórias e um empate), a Holanda conquistaria o seu primeiro título da categoria ao derrotar a Alemanha na final por 5x2. Ebecilio, que foi o melhor jogador do torneio, marcou um dos gols, se tornando o artilheiro da competição, ao lado do também holandês Tonny Trindade e do alemão Samed Yesil, com 3 gols marcados cada.


Após a conquista do torneio europeu pela seleção holandesa, o contrato de Kyle Ebecilio com o clube de Rotterdã chegava ao fim. E o futebol do garoto começou a ser disputado por dois gigantes ingleses: o Chelsea – que em 2009 havia contratado do Feyenoord o zagueiro Jeffrey Bruma – tentou de todas as formas contratar o talentoso volante. Além dos blues, o Arsenal também estaria na disputa pelo jovem, que em 2010 estava com 16 anos.


Londres estava cada vez mais próxima de ser a nova casa de Ebecilio. Os Gunners venceram a disputa com o Chelsea pelo jovem holandês. Com a tradição de trabalhar no desenvolvimento de jovens jogadores (e revelar talentos como por exemplo o espanhol Cesc Fabregas), o Arsenal levou o garoto no verão de 2010 para atuar nas divisões de base. Kyle foi destaque pelo clube nos torneios sub-18 e pela FA Youth Cup na temporada de 2010/11 (uma espécie de Copa da Inglaterra Juvenil).


Em fevereiro de 2011, Ebecilio assinou seu primeiro contrato profissional com o Arsenal. Arsene Wenger, técnico dos Gunners, pediu a transferência do garoto para Londres e fez questão de contar com o meia para as principais competições que o Arsenal disputará na temporada 2011/12 (Liga dos Campeões, Premier League, Copa da Inglaterra e Copa da Liga Inglesa).


Em junho de 2011, no México, a Holanda chegou ao Mundial Sub-17 como uma das grandes favoritas para a conquista do título. Com um técnico experiente, um grupo forte e unido e com craques como Ebecilio, era certo que os laranjas estariam entre os melhores da competição. O time, porém, não confirmou as expectativas. Num grupo que contava com os donos da casa, o Congo e a Coreia do Norte, a Holanda terminou a primeira fase em último lugar, com duas derrotas (1x0 Congo e 3x2 México) e um empate (1x1 com a Coreia do Norte). Mesmo com as derrotas, os erros e a eliminação, Kyle Ebecilio chamou a atenção por suas qualidades – principalmente sua habilidade – marcando um belo gol contra os mexicanos. “Não posso estar orgulhoso com a minha atuação, já que jogamos e perdemos em equipe, mas estou orgulhoso do grupo, nós lutamos muito e demos tudo até o final”, disse ao Fifa.com o camisa 6 e destaque holandês no mundial.


Pela seleção de base da Holanda, os números de Kyle são inexpressivos, mas eficientes: em dois torneios oficiais (um mundial e um europeu), disputou 8 jogos, com 4 vitórias, 2 empates e 2 derrotas, marcando 4 gols.


Nessas competições, Kyle Ebecilio mostrou qualidades que o classificam como uma grande realidade do futebol: capacidade de recuperar a bola, driblar e distribuir o jogo com extrema qualidade. Com 1,81m de altura, o jogador lembra muito o volante francês Patrick Vieira – tanto física quanto tecnicamente. Mas a inspiração do garoto é outro jogador, que substituiu o próprio Vieira no Arsenal: o camaronês Alex Song. “(Ele) é meu modelo. Ele joga na mesma posição que eu e é muito técnico. Sinto que meu futebol é muito parecido com o dele”, afirma em entrevista ao site da FIFA.


Uma coisa é certa: o futebol de Kyle Ebecilio vai crescer muito e o jogador logo estará entre os selecionáveis do técnico Bert van Marwijk. Assim como no time principal do Arsenal. E quem sabe seguir o mesmo caminho de seus conterrâneos Dennis Bergkamp e Robin van Persie e se tornar um grande ídolo dos Gunners. Potencial ele mostrou que tem.




Ficha Técnica
Nome Completo: Kyle Ebecilio
Nascido em: 17 de fevereiro de 1994 em Hoorn (Holanda)
Posição: meio-campista (volante)
Clubes como jogador: Feyenoord (2009/10), Arsenal-ING (desde 2010)
Titulos como jogador: Campeão Europeu Sub-17 (2010)






Texto publicado originalmente no Trivela em 23 de agosto de 2011: http://trivela.uol.com.br/blog/lado-b/kyle-ebecilio-sub-17-mas-futebol-de-gente-grande/