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sábado, 21 de abril de 2012

RELEMBRE O JOGADOR: Pat Jennings – Arqueiro, lenda e ídolo de duas torcidas


Jennings com a camisa da seleção norte-irlandesa
Quando o Tottenham entra em campo liderado pelo goleiro vestindo a camisa verde, os torcedores mais antigos se lembram de uma lenda. Eles se lembram de Patrick Anthony Jennings, conhecido mundialmente por Pat Jennings, ou simplesmente “Big Pat” – o melhor goleiro que vestiu a camisa dos Spurs e um dos melhores goleiros que o Reino Unido e o mundo já viram. Esguio, de mãos grandes, ele revolucionou a forma de atuar na posição com as famosas defesas de mãos trocadas e em dois tempos, dando um tapinha na bola antes de segurá-la definitivamente.

Nascido na cidade de Newry, sul da Irlanda do Norte, começou sua precoce carreira aos 16 anos num clube local. Em 1963, o jovem goleiro deixou o Newry City FC ao ser contratado pelo Watford, um clube de terceira divisão do futebol inglês. Nos Hornets, o goleiro atuou por um ano (48 jogos), tendo seu talento reconhecido por um grande clube, o londrino Tottenham Hotspur. Contratado aos 19 anos, por £ 27.000, Jennings chegou ao White Hart Lake – a casa dos Spurs – para fazer história. Em 13 anos no clube, ele atuou em 472 partidas, conquistando uma Copa da Inglaterra em 1967, uma Supercopa da Inglaterra no mesmo ano, duas Copas da Liga Inglesa em 1971 e 1973 e uma Copa da UEFA em 1972. Foi eleito o “Futebolista do Ano” na temporada 1972/73 pela FWA (sigla em inglês para Associação dos Cronistas Esportivos) e o PFA (Player of The Year – O jogador do ano) em 1975/76 pela Associação de Jogadores Profissionais da Inglaterra. Jennings foi o primeiro jogador a receber os dois prêmios mais importantes do futebol inglês. Em 1976, foi agraciado com a condecoração de MBE (Membro da Ordem do Império Britânico), um dos maiores títulos concedidos pela realeza britânica, por sua reputação dentro e fora dos gramados.

Não foram só defesas incríveis que caracterizaram a passagem de “Big Pat” com a camisa dos Spurs. Em 12 de agosto de 1967, contra o Manchester United de Matt Busby na disputa do FA Charity Shield (a Supercopa da Inglaterra), Jennings marcou um gol antológico: depois de fazer a defesa, ele deu um chutão para o ataque. O chute foi tão forte e preciso que encobriu o goleiro Alex Stepney. A partida terminou em 3x3 e os dois clubes dividiram o título.

Em 1977, o Arsenal – maior rival do Tottenham – levou o goleiro para Highbury. O presidente dos Spurs Keith Burkinshaw resolveu liberar o atleta acreditando que Jennings, com 32 anos, já tinha feito história e que estava em fim de carreira. Grande engano! Como de costume, “Big Pat” fez história também nos Gunners, atuando por nove temporadas (237 partidas) e conquistando uma Copa da Inglaterra em 1979. Jogou por lá até o ano de 1985. Com 40 anos, decidiu abandonar a carreira profissional por clubes e se dedicar somente à seleção. Após encerrar o vínculo com o Arsenal, retornou ao Tottenham para se condicionar fisicamente até o início da Copa do Mundo no México em 1986.
Em 2008, foi feita por torcedores associados do Arsenal, uma seleção dos 50 maiores jogadores que atuaram nos Gunners. Pat Jennings foi eleito o 10º maior jogador da história do clube, atrás de nomes como: Thierry Henry, Dennis Bergkamp, Tony Adams, Ian Wright, Patrick Vieira, Robert Pires, David Seaman, Liam Brady e Charlie George.

Jennings estreou na seleção da Irlanda do Norte no ano de 1964, aos 18 anos, numa partida válida pela British Home Championship (Torneio britânico entre seleções). Junto dele, outra lenda irlandesa: George Best. Vitória sobre País de Gales por 3x2. Em 22 anos de seleção, Pat jogou 112 partidas, com duas copas do mundo no currículo (82 e 86). Na Copa de 86, o goleiro bateu um recorde: foi o jogador mais velho a atuar num Mundial. Ele estava com 41 anos e sua última partida internacional (e também da sua longa carreira) foi contra o Brasil, pela 1ª fase – e foi dolorosa para ele, pois a Irlanda do Norte foi eliminada após a derrota por 3x0. Seu recorde durou por oito anos, sendo superado pelo camaronês Roger Milla na Copa dos Estados Unidos em 1994. Ele estava com 42 anos e 39 dias.

Mas outro recorde permanece: Pat Jennings é o único jogador que detém o maior número de participações em Mundiais (incluindo as eliminatórias). São seis no total: 1966, 1970, 1974, 1978, 1982, 1986. Esta marca já foi igualada pelos jogadores de Trinidad e Tobago Dwight Yorke e Russell Latapy que disputaram em 1990, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010.

Após sua aposentadoria, Jennings trabalhou como treinador de goleiros no Tottenham em 1993. No ano de 2003, o norte-irlandês foi incluído no Hall da Fama do futebol inglês pelos serviços prestados ao esporte mais popular do país. Em 2007 foi à vez dos Spurs incluir o ex-goleiro no seu Hall da Fama, como um dos maiores que passaram por White Hart Lane. Hoje, aos 65 anos, vive em Londres, onde trabalha em eventos relacionados ao futebol e ao Tottenham.

Ficha Técnica: Pat Jennings
Nome Completo: Patrick Anthony Jennings
Nascido em: 12 de junho de 1945.
Local: Newry - Irlanda do Norte.
Posição: Goleiro.
Clubes Como jogador: Newry City-IRN (1961-1963); Watford-ING (1963-1964); Tottenham-ING (1964-1977 e 1985-1986); Arsenal-ING (1977-1985).
Títulos como jogador: Copa da Inglaterra (1967 e 1979); Copa da UEFA (1972); Supercopa da Inglaterra (1967); Copa da Liga Inglesa (1971 e 1973).
Seleção: 119 jogos

CONHEÇA A SELEÇÃO: País de Gales – Os Dragões mansos


Gareth Bale, do Tottenham, é o principal jogador de Gales

O futebol britânico é um dos mais competitivos do mundo. Sim. Mas essa competitividade se reserva somente ao futebol inglês, mais precisamente à liga inglesa. Das seleções britânicas, a seleção do País de Gales seria o patinho feio.

Fundada em 1876, a Associação de Futebol do País de Gales é a terceira federação nacional mais antiga do mundo – atrás de Inglaterra e Escócia, fundadas em 1863 e 1873, respectivamente. Sua primeira partida oficial foi em 25 de março de 1876, em Glasgow, contra a Escócia. Vitória do time da casa por 4x0. Ano seguinte em Wrexham, novo confronto – o primeiro em solo galês. Nova vitória escocesa por 2x0.

Embora os britânicos sejam oficialmente os mais antigos na história do futebol (criado pelos ingleses), eles estabeleciam suas próprias regras nas disputas. Oficializadas em 1880, as regras tinha algumas diferenças em cada país, gerando desentendimentos e muitas discussões. Até que em 6 de dezembro de 1882, na cidade de Manchester, Inglaterra, foi criada a International Football Association Board (Conselho Internacional das Associações de Futebol), mas conhecida como International Board, a fim de estabelecer um conjunto de regras oficiais para o futebol entre as seleções do Reino Unido e consequentemente em todo o mundo. A reunião entre as federações originou a primeira competição internacional, a British Home Championship, torneio entre as seleções do Reino Unido. A disputa caseira entre Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales começou em 1884 e durou uma década. Os ingleses conquistaram 54 vezes o torneio, seguidos por Escócia (41), País de Gales (12) e Irlanda (8).

Em 21 de maio de 1904, foi fundada em Paris a FIFA (do francês Fédération Internationale de Football Association, ou Federação Internacional de Futebol Associado), com intenção de centralizar o comando do futebol, padronizar as regras, criar e organizar competições internacionais (porque na época as grandes disputas entre seleções aconteciam somente nos jogos olímpicos) e aproximar os povos por meio do esporte, então mais popular no mundo.

A partir do mesmo ano, a FIFA, a entidade máxima do futebol se integrou à International Board e passou a seguir as regras ditadas por ela. Hoje, em caso de conselho para mudança nas regras do futebol, a FIFA tem direito a 4 votos e as associações britânicas a um voto cada. Automaticamente, as quatro federações se associaram à FIFA. O País de Gales filiou-se à entidade em 1910.

Mesmo assim, as relações entre a FIFA e os britânicos não eram as melhores. Numa disputa sobre os interesses dos jogadores amadores, as associações britânicas se retiraram da entidade em 1928. Como resultado, as três primeiras edições da Copa do Mundo não contaram com a participação de seleções do Reino Unido.

Em 1932, o País de Gales jogou contra a República da Irlanda, na primeira partida dos Dragões contra uma seleção não britânica. Um ano depois, os galeses foram até a França jogar contra os “Bleus”, na primeira partida fora da Grã-Bretanha. Empate por 1x1.

O País de Gales, assim como os outros três países do Reino Unido, voltaram a se filiar à FIFA em 1946, assim participando das fases de qualificação da Copa do Mundo de 1950, que seria disputada no Brasil. Usaram a British Home Championship como qualificação para o mundial. Inglaterra e Escócia foram os primeiros colocados e vieram para o Brasil. A seleção galesa foi a última colocada.

A primeira participação da seleção galesa numa Copa do Mundo foi em 1958, na Suécia. Depois de disputar a fase classificatória e terminar em segundo (atrás da Tchecoslováquia), sendo automaticamente eliminada, surgiu um fato inesperado: a seleção israelense aguardava o adversário do continente africano para definir a última vaga do mundial (essa equipe seria o Sudão). Só que não contava com a desistência do oponente. Israel se classificaria automaticamente, sem disputar um jogo – fato que a FIFA não permitiu, decidindo assim fazer um sorteio entre as seleções europeias que terminaram as eliminatórias em segundo lugar em seus grupos. Nesse sorteio, os belgas foram escolhidos, mas recusaram. Num novo sorteio, Gales foi apontado como o adversário dos israelenses.

Duas vitórias por 2x0 e os Dragões se classificaram para sua primeira Copa do Mundo. Curiosamente, o mundial de 1958 foi o único que contou com as quatro seleções do Reino Unido.

Na Suécia, os galeses tinham um time que foi considerado um dos melhores da história do futebol do país, com estrelas como John Charles, Ivor Allchurch, Sherwood Alf e Kelsey Jack. Terminou a primeira fase em segundo lugar no grupo 3 – atrás dos donos da casa. Foram três empates com Hungria (1x1), México (1x1) e Suécia (0x0). Os Dragões ficaram empatados em pontos com a Hungria. No jogo de desempate, vitória galesa por 2x1 e eliminação dos vice-campeões mundiais.

Das quatro equipes do Reino Unido, Irlanda e Gales permaneceram na competição. Inglaterra e Escócia, poderosas perto das outras duas, foram eliminadas logo na primeira fase.

Na fase seguinte, o confronto seria contra o Brasil, primeiro colocado do Grupo 4, em Gotemburgo. Um jogo dificílimo. A seleção brasileira pressionou muito, mas a muralha galesa atendia pelo nome de Kelsey Jack. O goleiro fez 20 defesas na partida – contra 3 de Gilmar. O atacante Ivor Allchurch chegou a assustar os brasileiros com uma bola na trave. O Brasil teve um gol anulado: uma linda bicicleta do atacante Mazzola (que atuava como titular na vaga de Vavá que estava machucado). Os Dragões resistiram bravamente aos avanços brasileiros até os treze minutos do 2º tempo, quando um certo garoto chamado Pelé fez um gol antológico, após uma jogada entre Didi e Zagalo. Era o primeiro gol dele numa Copa do Mundo e também o fim do sonho galês.

A bela campanha do time no mundial da Suécia não foi o diferencial para o desenvolvimento do futebol no país. Depois de terminar a competição em quinto lugar, a seleção galesa não disputou mais nenhuma edição de uma Copa do Mundo. No velho continente, os Dragões nunca disputaram uma fase final da Eurocopa. A melhor colocação da seleção galesa nessa competição foi na fase qualificatória para o torneio na Iugoslávia em 1976. O time conseguiu se classificar em primeiro num grupo que trazia Hungria, Áustria e Luxemburgo. Mas foi eliminado nas quartas-de-final pelo time da casa, numa derrota por 2x1 em Zagreb e um empate por 1x1 em casa.

Mesmo fora das grandes competições, os Dragões quebravam tabus. Em 1977, Gales derrotou a Inglaterra em pleno estádio de Wembley por 1x0, numa cobrança de pênalti convertida por James Leighton. Foi a primeira vitória em solo inglês em 42 anos. Outro feito em 1980, em Wrexham: vitória galesa sobre os ingleses novamente, só que de goleada – o placar de 4x1 foi uma das melhores performances da seleção galesa sobre os criadores do futebol.

Os Dragões tiveram destaque no cenário mundial novamente nas eliminatórias para a Copa de 1982 na Espanha, mas uma derrota de 3x0 para a União Soviética eliminou as chances de classificação dos galeses para o mundial. Os soviéticos levaram o primeiro lugar, seguidos pela seleção da Tchecoslováquia.

Nas eliminatórias para o mundial da África em 2010, os Dragões tiveram um início promissor, mas não passaram da 4ª colocação – atrás de Alemanha, Rússia e Finlândia. A seleção alemã foi à única que conseguiu se qualificar para a disputa da Copa.

Com a extinção da British Home Championship (o torneio entre as seleções britânicas), em 1984, no qual conquistaram 12 taças, os únicos triunfos galeses no futebol foram às medalhas de ouro nas Olimpíadas de 1908 e 1912, disputando como Grã Bretanha. Com atuações sem destaques no cenário mundial, a seleção do País de Gales não formou mais times de expressão, revelando poucos jogadores de qualidade.

O futebol no país não possui uma liga forte. Fundada em 1992, o início das disputas pela Liga Galesa foi bastante desorganizado. Tanto que três clubes do país foram jogar no futebol inglês, nas divisões inferiores. O Cardiff City joga na segunda divisão, o Swansea City disputa na terceira e o Wexham na quarta divisão. Sem essas três equipes, os clubes de destaque são o Barry Town, com sete conquistas, e o The New Saints, com cinco taças do campeonato do País de Gales – sendo a última conquista na temporada de 2009.

Sem força no futebol internacional após o Mundial da Suécia em 1958, o futebol galês revelou para o futebol nomes como Mark Hughes, Nathan Blake, Robbie Savage, Ryan Giggs, Craig Bellamy e Gareth Bale.

Atualmente, a seleção galesa trabalha para se qualificar para a Eurocopa de 2012, que será disputada na Polônia e na Ucrânia. A campanha do time é preocupante: em três jogos, foram três derrotas. Revés contra Montenegro (1x0), Bulgária (0x1) e Suíça (4x1). Além dessa campanha pífia nas eliminatórias da Euro 2012, classificado em último na tabela, o time sofre com a falta de talentos. O destaque do time vermelho na competição é o ala esquerdo Gareth Bale do Tottenham. O jovem jogador é uma grata revelação do futebol do País de Gales. O craque do Spurs marcou o único gol da seleção galesa no torneio. Revelado no Southampton aos 16 anos, tornou-se o segundo jogador mais jovem a atuar na Liga Inglesa. Hoje, o jovem craque atua como meia-esquerda e tem tido ótimas atuações no setor onde brilhava o meia do Manchester United, o “interminável” Ryan Giggs. Aliás, o ex-capitão do time, Gary Speed, novo técnico dos Dragões, o convidou para auxiliá-lo no comando do selecionado galês. Para recuperar o time na competição e buscar uma inédita classificação no maior torneio de seleções da Europa, toda a ajuda é bem vinda. No caso do País de Gales, é mais do que necessária.


Ficha Técnica:
Nome: The Football Association of Wales (Associação de Futebol do País de Gales).
Fundado em 1876
Página Oficial: www.faw.org.uk
Estádio Oficial: Millenium em Cardiff, capacidade para: 74.500 mil pessoas.
Participações em Copas do Mundo: 1 participação em 1958
Posição do Ranking FIFA: 112ª (até dezembro 2010)

Texto publicado no Trivela em 23 de dezembro de 2010: http://trivela.uol.com.br/blog/lado-b/pais-de-gales-os-dragoes-mansos/

terça-feira, 17 de abril de 2012

RELEMBRE O JOGADOR: Bobby Moore – O capitão de um império.

Moore foi o capitão da Inglaterra na campanha do
título mundial de 1966, em Wembley.

Ele foi o maior zagueiro que já enfrentei!” Palavras de ninguém menos do que o Rei do Futebol para definir um dos maiores nomes do esporte bretão no mundo: Robert Frederick Chelsea Moore. Um zagueiro fabuloso, que jogava com classe e inteligência, diferente da sua época, Bobby Moore se tornou ícone do futebol inglês depois de Stanley Matthews (craque, driblador, lenda do futebol inglês nos anos 30, 40 e 50). Considerado um dos melhores jogadores do século XX, é o terceiro jogador da história do English Team com maior numero de participações: 108 - Perdendo apenas para Peter Shilton com 125 e David Beckham com 115 atuações.

Nascido na capital inglesa em 1941, Moore começou no esporte jogando críquete e futebol. Mas optou por dedicar-se ao esporte jogado com os pés. O começo de uma vitoriosa carreira foi pelo West Ham United em 1956. Em 1958 estreou profissionalmente contra o Manchester United, substituindo o seu mentor Malcolm Allison, que estava com tuberculose. Não saiu mais do time. Caracterizado pela força e pelo estilo de jogo diferenciado, ele tinha uma capacidade de ler a jogada, de se antecipar ao lance. Também tinha uma grande impulsão (apesar de não ser muito alto, com 1,78m) na jogada aérea e na saída de bola, sempre jogando de cabeça erguida. Dono de uma categoria invejável, parecia pedir licença aos atacantes para roubar a bola. Líder na defesa, passou a ser admirado por todos.

Nos Hammers, Moore atuou em 646 partidas de 1958 a 1974 e marcou 24 gols. Com a camisa azul/grená conquistou a Copa da Inglaterra em 1964, a Recopa Européia na temporada 1964/65. Foi eleito o “Futebolista do Ano” pela FWA (sigla em inglês para: Associação dos Cronistas Esportivos) em 1964. Em 1967 foi agraciado com a condecoração de OBE (Oficial da Ordem do Império Britânico), um dos maiores títulos concedidos pela realeza britânica, por sua reputação dentro e fora dos gramados.

Mesmo sem nunca ter jogado num dos gigantes do futebol inglês (Moore jogou boa parte da carreira no West Ham) foi na seleção inglesa que o zagueiro fez sucesso.

Moore foi convocado aos 21 anos para integrar a seleção inglesa que disputaria a Copa do Mundo no Chile em 1962. Por causa de sua inexperiência, sua convocação foi contestada pela imprensa local, mas o jovem zagueiro não comprometeu, e com seu espírito de liderança, se tornou capitão do English Team já na preparação do Mundial de 1966, que seria disputada em casa.

A poucos meses do Mundial, foi diagnosticado um câncer nos testículos em estágio inicial. Secretamente foi feito um tratamento eficaz e Moore estava em ótima forma para disputar o torneio. Vestindo a camisa 6 dos Albions, o zagueiro liderou o time, que contava com mais 2 companheiros de West Ham: os atacantes Martin Peters e Geoff Hurst, o qual além de sagrar-se o artilheiro da competição, marcou 3 gols na final contra a Alemanha Ocidental, sendo o último gol marcado após receber um lançamento de 40 metros do próprio Bobby Moore. Vitória por 4x2 e a consagração num Wembley completamente lotado.

Cavalheiro, Moore limpou as mãos sujas de lama e suadas numa toalha de veludo antes de apertar a mão da Rainha Elisabeth II. Após o gesto, recebeu das mãos reais a taça Jules Rimet e deixou o semblante sempre sério e sereno para abrir um largo sorriso, erguer o troféu e tornar-se eterno no mundo do futebol.

Após o título Mundial de 1966, Moore passou a ser idolatrado. No mesmo ano ele foi eleito a “Personalidade do Ano” pelo canal BBC Sports. Já em 1968, durante a Eurocopa disputada na Itália, o mesmo sucesso não foi obtido. A Inglaterra foi derrotada por 1x0 pela Iugoslávia nas semifinais. Após a decepção, o time inglês foi se preparar para o Mundial de 1970 no México, já que automaticamente estava classificado por vencer o torneio em 1966.

No auge, Moore foi se preparar com a equipe na Colômbia, mas um contratempo abalou o jogador: Ele foi acusado de roubo de uma pulseira de ouro em uma recepção de um hotel em Bogotá e conseqüentemente preso. Depois do mal entendido, Moore foi liberado e seguiu com a delegação para o México.
Anos depois, descobriu-se que tudo era um golpe de uma quadrilha da capital colombiana.

No México, a Inglaterra estava bem até encontrar o Brasil na primeira fase. Numa partida memorável, com direito a defesa monumental e histórica de Gordon Banks, e com atuação impecável do capitão inglês, não deu para segurar os brasileiros. Depois de levar um drible de Tostão, Moore assistiu a Jairzinho marcar e a seleção brasileira vencer por 1x0. Mas a defesa do título durou até as quartas-de-final, quando a Inglaterra foi derrotada pela Alemanha Ocidental por 3x2.

A reputação do zagueiro continuou intacta, mas mesmo assim não evitou novo fracasso. Um empate com a Polônia (de Zmuda, Lato e do goleiro Tomaszewski) por 1x1, em Wembley, impediu a Inglaterra de disputar a Copa do Mundo de 1974.

Moore deixou a seleção em 1973, após uma derrota para a Itália por 1x0 (também em Wembley). Em 108 partidas, foram 90 como capitão do English Team. No ano seguinte deixou o West Ham depois de 15 anos no clube. Foi contratado por £ 25.000 pelo Fulham, que jogava a segunda divisão do futebol inglês. Chegou à final da Copa da Inglaterra e enfrentou seu ex-clube. Foi derrotado por 2x0 e por fim foi seu último jogo no lendário Estádio de Wembley. Sua última atuação como atleta profissional foi em 1977 contra o Blackburn. Depois de abandonar a carreira profissional, Moore fez algumas aparições no futebol dos Estados Unidos até 1978, quando deixou de jogar futebol.

Após a vitoriosa carreira, Booby Moore tentou a carreira de técnico na Inglaterra e gerente de futebol na China. Sem sucesso, tornou-se colunista esportivo de um jornal e comentarista de rádio e TV. Até participou do filme “Fuga Para Vitória” em 1981, ao lado dos astros Sylvester Stallone, Michael Caine e Pelé.

Em abril de 1991 ele teve que fazer uma cirurgia às pressas por causa de uma suspeita de câncer no cólon - não divulgada pela imprensa. Em 14 de fevereiro de 1993, Moore fez o comunicado oficial: ele sofria de câncer no intestino. Três dias depois, esteve em Wembley para comentar a partida entre Inglaterra e San Marino. Foi a sua última aparição pública. Em 24 de fevereiro, Bobby Moore faleceu aos 51 anos.

Após a morte do capitão, diversas homenagens foram feitas. Como, por exemplo, a Instituição de Caridade Britânica criou um fundo de investimento para combater o câncer de intestino e nomeou “Fundo Bobby Moore” em sua homenagem. Em 2002 ele foi incluído no Hall da Fama do futebol inglês, como reconhecimento pelos serviços prestados ao futebol do país. Em 2004 foi eleito o melhor jogador da Inglaterra (superando o seu companheiro de seleção Bobby Charlton), no Jubileu de Ouro da UEFA, nas comemorações dos 50 anos da entidade. Foi erguida uma estátua de bronze do atleta em frente à entrada principal do novo Estádio de Wembley, inaugurado em 2007.

Em 2008 o West Ham aposentou a camisa 6, a qual o jogador utilizou por 15 anos e em sua homenagem colocou um painel indicando o número da camisa ao lado da foto de Moore no estádio Upson Park. Uma homenagem ao maior jogador revelado pelo clube após 15 anos de sua morte.


Ficha Técnica: Bobby Moore
Nome completo: Robert Frederick Chelsea Moore
Nascido em: 12 de abril de 1941 em Londres - Inglaterra
Falecido em: 24 de fevereiro de 1993 em Londres - Inglaterra
Posição: Zagueiro
Clubes Como jogador: West Ham-ING (1958-1974); Fulham-ING (1974-1977); San Antonio Thunder-EUA (1976); Seattle Sounders-EUA (1978).
Títulos como jogador: Copa do Mundo FIFA (1966); Copa da Inglaterra (1964); Recopa Européia (1965).
Clubes Como Treinador: Oxford City-ING (1980); Eastern AA-CHI (1981-1982); Southend United-ING (1984-1986).
Seleção: 108 jogos e 2 gols marcados.


Texto publicado no Trivela em 22 de outubro de 2010: http://trivela.uol.com.br/blog/lado-b/bobby-moore-o-capitao-de-um-imperio/