terça-feira, 17 de abril de 2012

RELEMBRE O JOGADOR: Bobby Moore – O capitão de um império.

Moore foi o capitão da Inglaterra na campanha do
título mundial de 1966, em Wembley.

Ele foi o maior zagueiro que já enfrentei!” Palavras de ninguém menos do que o Rei do Futebol para definir um dos maiores nomes do esporte bretão no mundo: Robert Frederick Chelsea Moore. Um zagueiro fabuloso, que jogava com classe e inteligência, diferente da sua época, Bobby Moore se tornou ícone do futebol inglês depois de Stanley Matthews (craque, driblador, lenda do futebol inglês nos anos 30, 40 e 50). Considerado um dos melhores jogadores do século XX, é o terceiro jogador da história do English Team com maior numero de participações: 108 - Perdendo apenas para Peter Shilton com 125 e David Beckham com 115 atuações.

Nascido na capital inglesa em 1941, Moore começou no esporte jogando críquete e futebol. Mas optou por dedicar-se ao esporte jogado com os pés. O começo de uma vitoriosa carreira foi pelo West Ham United em 1956. Em 1958 estreou profissionalmente contra o Manchester United, substituindo o seu mentor Malcolm Allison, que estava com tuberculose. Não saiu mais do time. Caracterizado pela força e pelo estilo de jogo diferenciado, ele tinha uma capacidade de ler a jogada, de se antecipar ao lance. Também tinha uma grande impulsão (apesar de não ser muito alto, com 1,78m) na jogada aérea e na saída de bola, sempre jogando de cabeça erguida. Dono de uma categoria invejável, parecia pedir licença aos atacantes para roubar a bola. Líder na defesa, passou a ser admirado por todos.

Nos Hammers, Moore atuou em 646 partidas de 1958 a 1974 e marcou 24 gols. Com a camisa azul/grená conquistou a Copa da Inglaterra em 1964, a Recopa Européia na temporada 1964/65. Foi eleito o “Futebolista do Ano” pela FWA (sigla em inglês para: Associação dos Cronistas Esportivos) em 1964. Em 1967 foi agraciado com a condecoração de OBE (Oficial da Ordem do Império Britânico), um dos maiores títulos concedidos pela realeza britânica, por sua reputação dentro e fora dos gramados.

Mesmo sem nunca ter jogado num dos gigantes do futebol inglês (Moore jogou boa parte da carreira no West Ham) foi na seleção inglesa que o zagueiro fez sucesso.

Moore foi convocado aos 21 anos para integrar a seleção inglesa que disputaria a Copa do Mundo no Chile em 1962. Por causa de sua inexperiência, sua convocação foi contestada pela imprensa local, mas o jovem zagueiro não comprometeu, e com seu espírito de liderança, se tornou capitão do English Team já na preparação do Mundial de 1966, que seria disputada em casa.

A poucos meses do Mundial, foi diagnosticado um câncer nos testículos em estágio inicial. Secretamente foi feito um tratamento eficaz e Moore estava em ótima forma para disputar o torneio. Vestindo a camisa 6 dos Albions, o zagueiro liderou o time, que contava com mais 2 companheiros de West Ham: os atacantes Martin Peters e Geoff Hurst, o qual além de sagrar-se o artilheiro da competição, marcou 3 gols na final contra a Alemanha Ocidental, sendo o último gol marcado após receber um lançamento de 40 metros do próprio Bobby Moore. Vitória por 4x2 e a consagração num Wembley completamente lotado.

Cavalheiro, Moore limpou as mãos sujas de lama e suadas numa toalha de veludo antes de apertar a mão da Rainha Elisabeth II. Após o gesto, recebeu das mãos reais a taça Jules Rimet e deixou o semblante sempre sério e sereno para abrir um largo sorriso, erguer o troféu e tornar-se eterno no mundo do futebol.

Após o título Mundial de 1966, Moore passou a ser idolatrado. No mesmo ano ele foi eleito a “Personalidade do Ano” pelo canal BBC Sports. Já em 1968, durante a Eurocopa disputada na Itália, o mesmo sucesso não foi obtido. A Inglaterra foi derrotada por 1x0 pela Iugoslávia nas semifinais. Após a decepção, o time inglês foi se preparar para o Mundial de 1970 no México, já que automaticamente estava classificado por vencer o torneio em 1966.

No auge, Moore foi se preparar com a equipe na Colômbia, mas um contratempo abalou o jogador: Ele foi acusado de roubo de uma pulseira de ouro em uma recepção de um hotel em Bogotá e conseqüentemente preso. Depois do mal entendido, Moore foi liberado e seguiu com a delegação para o México.
Anos depois, descobriu-se que tudo era um golpe de uma quadrilha da capital colombiana.

No México, a Inglaterra estava bem até encontrar o Brasil na primeira fase. Numa partida memorável, com direito a defesa monumental e histórica de Gordon Banks, e com atuação impecável do capitão inglês, não deu para segurar os brasileiros. Depois de levar um drible de Tostão, Moore assistiu a Jairzinho marcar e a seleção brasileira vencer por 1x0. Mas a defesa do título durou até as quartas-de-final, quando a Inglaterra foi derrotada pela Alemanha Ocidental por 3x2.

A reputação do zagueiro continuou intacta, mas mesmo assim não evitou novo fracasso. Um empate com a Polônia (de Zmuda, Lato e do goleiro Tomaszewski) por 1x1, em Wembley, impediu a Inglaterra de disputar a Copa do Mundo de 1974.

Moore deixou a seleção em 1973, após uma derrota para a Itália por 1x0 (também em Wembley). Em 108 partidas, foram 90 como capitão do English Team. No ano seguinte deixou o West Ham depois de 15 anos no clube. Foi contratado por £ 25.000 pelo Fulham, que jogava a segunda divisão do futebol inglês. Chegou à final da Copa da Inglaterra e enfrentou seu ex-clube. Foi derrotado por 2x0 e por fim foi seu último jogo no lendário Estádio de Wembley. Sua última atuação como atleta profissional foi em 1977 contra o Blackburn. Depois de abandonar a carreira profissional, Moore fez algumas aparições no futebol dos Estados Unidos até 1978, quando deixou de jogar futebol.

Após a vitoriosa carreira, Booby Moore tentou a carreira de técnico na Inglaterra e gerente de futebol na China. Sem sucesso, tornou-se colunista esportivo de um jornal e comentarista de rádio e TV. Até participou do filme “Fuga Para Vitória” em 1981, ao lado dos astros Sylvester Stallone, Michael Caine e Pelé.

Em abril de 1991 ele teve que fazer uma cirurgia às pressas por causa de uma suspeita de câncer no cólon - não divulgada pela imprensa. Em 14 de fevereiro de 1993, Moore fez o comunicado oficial: ele sofria de câncer no intestino. Três dias depois, esteve em Wembley para comentar a partida entre Inglaterra e San Marino. Foi a sua última aparição pública. Em 24 de fevereiro, Bobby Moore faleceu aos 51 anos.

Após a morte do capitão, diversas homenagens foram feitas. Como, por exemplo, a Instituição de Caridade Britânica criou um fundo de investimento para combater o câncer de intestino e nomeou “Fundo Bobby Moore” em sua homenagem. Em 2002 ele foi incluído no Hall da Fama do futebol inglês, como reconhecimento pelos serviços prestados ao futebol do país. Em 2004 foi eleito o melhor jogador da Inglaterra (superando o seu companheiro de seleção Bobby Charlton), no Jubileu de Ouro da UEFA, nas comemorações dos 50 anos da entidade. Foi erguida uma estátua de bronze do atleta em frente à entrada principal do novo Estádio de Wembley, inaugurado em 2007.

Em 2008 o West Ham aposentou a camisa 6, a qual o jogador utilizou por 15 anos e em sua homenagem colocou um painel indicando o número da camisa ao lado da foto de Moore no estádio Upson Park. Uma homenagem ao maior jogador revelado pelo clube após 15 anos de sua morte.


Ficha Técnica: Bobby Moore
Nome completo: Robert Frederick Chelsea Moore
Nascido em: 12 de abril de 1941 em Londres - Inglaterra
Falecido em: 24 de fevereiro de 1993 em Londres - Inglaterra
Posição: Zagueiro
Clubes Como jogador: West Ham-ING (1958-1974); Fulham-ING (1974-1977); San Antonio Thunder-EUA (1976); Seattle Sounders-EUA (1978).
Títulos como jogador: Copa do Mundo FIFA (1966); Copa da Inglaterra (1964); Recopa Européia (1965).
Clubes Como Treinador: Oxford City-ING (1980); Eastern AA-CHI (1981-1982); Southend United-ING (1984-1986).
Seleção: 108 jogos e 2 gols marcados.


Texto publicado no Trivela em 22 de outubro de 2010: http://trivela.uol.com.br/blog/lado-b/bobby-moore-o-capitao-de-um-imperio/

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